TEMPO DE TELA DE ESCOLARES ESTÁ ASSOCIADO AO ESTADO NUTRICIONAL DO PAI

Sonimar de Souza, Miria Suzana Burgos, Cézane Priscila Reuter

Resumo


Introdução: Diante altos índices de obesidade, estudos apontam que a inatividade frente às telas (em frente à televisão, computadores, videogame e outros) é um dos fatores comportamentais preocupantes de crianças e adolescentes, trazendo riscos para a saúde e consequentemente, ocasionando complicações cardiovasculares e comorbidades associadas. A condição econômica, o nível de escolaridade dos pais e o ambiente familiar são fatores modificáveis para melhorar a imposição de regras, quanto ao acesso à comunicação sobre mídias e o uso racional das mesmas, pois as rotinas, caracterizadas pelos jogos multimídias, favorecem o aumento da prevalência do sobrepeso e da obesidade nesta faixa etária. Objetivo: Verificar se existem associações entre o tempo de tela com fatores sociodemográficos, nutricionais e aptidão cardiorrespiratória de escolares e com fatores nutricionais e de atividade física de seus pais. Método: A amostra do presente estudo transversal é composta por 795 crianças e adolescentes, sendo 354 do sexo masculino, com idades entre 7 a 17 anos, bem como seus respectivos pais (pai ou mãe), residentes no município de Santa Cruz do Sul-RS3. Para a avaliação do tempo de tela de escolares e dos hábitos sedentários (inatividade física) de seus pais, foi utilizado um questionário. O nível socioeconômico foi avaliado pelo critério da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) e o perfil nutricional dos escolares e dos seus pais através do índice de massa corporal (IMC). O tempo de tela dispendido pelo escolar (TV, videogame e computador) foi obtido em horas. Posteriormente, estes dados foram classificados em duas categorias: 1) pouco tempo em frente à tela (< 2 horas diárias) e 2) muito tempo em frente à tela (≥ 2 horas diárias). A aptidão cardiorrespiratória (APCR) do escolar foi avaliada através do teste corrida/caminhada de 9 minutos, preconizado pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). Para a análise dos dados, foi utilizada a estatística descritiva, através de frequência e percentual, para caracterização dos sujeitos. A associação entre o desfecho (tempo de tela dos escolares) e as variáveis preditoras (fatores sociodemográficos, nutricionais e aptidão cardiorrespiratória de escolares e fatores nutricionais e de atividade física de seus pais) foi testada utilizando a razão de prevalência, através da regressão de Poisson, sendo utilizados intervalos de confiança (IC) para 95% e nível de significância para p<0,05. Todas as análises foram realizadas utilizando o programa estatístico SPSS v. 20.0. Resultados: Constatou-se que é elevado o percentual de escolares com sobrepeso/obesidade (30,9%), com baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória (53,7%) e que dispendem mais de duas horas diárias em frente à tela da TV, computador ou videogame (57,1%). Além disso, observa-se que 63,3% dos pais e 51,2% das mães apresentam excesso de peso e 67,7% dos pais não praticam atividade física. Dentre os fatores que foram relacionados ao tempo de tela de escolares, apenas o IMC (para obesidade; RP: 1,08; p=0,017) do pai mostrou associação significativa. Considerações finais: Escolares com pai obeso apresentam maior prevalência de tempo de tela superior a duas horas diárias. Não foi observada relação entre o tempo de tela com fatores sociodemográficos e de aptidão cardiorrespiratória de escolares, bem como com o perfil de atividade física dos pais.

Palavras-chave: Escolares; Pais; Obesidade; Tempo de Tela.


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