CONTRIBUIÇÕES PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE RESPIRATÓRIA DE TRABALHADORES PORTUÁRIOS AVULSOS

Daniela Inês Thier Roloff, Tatiele Roehrs Gelati, Clarice Alves Bonow, Andréia Martins do Couto, Marta Regina Cezar-Vaz

Resumo


Alterações do trato respiratório podem decorrer da exposição do trabalhador portuário a riscos como a dispersão de poeira decorrente do transporte de fertilizantes presente no ambiente de trabalho. O conhecimento proveniente dos riscos no ambiente ocupacional, que interagem com a saúde orgânica do trabalhador, contribui para atuação do enfermeiro frente ao planejamento e a execução de ações de promoção da saúde respiratória e manutenção do equilíbrio entre o ambiente e o trabalhador. Objetivo: Identificar alterações no sistema respiratório de trabalhadores portuários avulsos por meio de exames de função pulmonar e identificar o uso de equipamentos de proteção individual durante as atividades portuárias. Método: descritivo, exploratório de caráter quantitativo em um porto marítimo do Sul do Brasil. Utilizou-se análise retrospectiva de dados secundários para identificação de alterações obtidas a partir dos resultados de exames radiográficos do tórax,espirometria e análise prospectiva por observação não participante no foco da identificação do uso da proteção respiratória. Foram87 observações, com uma amostra de conveniência de 66 TPA. Resultados: foram quantificados 916 TPA cadastrados, sendo que 695 estavam ativos e em atividade. Todos os trabalhadores eram do sexo masculino com idade média de 52,46 anos e tempo de trabalho médio de 15,46 anos. Destes, 694 realizaram exames radiográficos; 686 (98,7%) não apresentaram alteração radiográfica, três (0,4%) tiveram o dignóstico clínico de acentução do ramo broncovascular pulmonar e nódulo de aspecto residual localizado no terço médio do pulmão direito, três (0,4%) foram diagnosticados com lesões fibrosas no lobo superior de ambos pulmões, um (0,1%) teve diagnóstico de hiperinsuflação pulmonar e um (0,1%) foi diagnosticado com lesão nodular. Em relação ao exame de espirometria, 74(10,6%) apresentaram distúrbio ventilatório com restrição moderada; três (0,4%), restrição leve; e três (0,4%), restrição severa. No procedimento prospectivo, predominou a categoria da capatazia com 76 trabalhadores (87,4%). A média de idade foi de 51,7 anos e com tempo de trabalho médio foi de 15,35 anos. Ao exame de radiografia de tórax, 65 (98,4%) TAP foram normais. Um trabalhador (1,5%) apresentou achado radiológico anormal indicado por alteração de hiperinsuflação pulmonar. Ao exame de espirometria, a maioria dos trabalhadores apresentou espirometria dentro da normalidade (90%). Foi diagnosticado um (1,5%) distúrbio ventilatório com restrição leve e cinco (7,6%) com restrição moderada. Observou-se a utilização da máscara respiratória em 32 observações, os óculos de segurança e luvas em 22 e 54 observações, respectivamente. Realizou-se o teste de correlação de Spearman para as variáveis idade, tempo de trabalho e os resultados da espirometria (p=0,03), apontando quanto maior o tempo de trabalho, mais agravante o resultado da espirometria. O teste qui quadrado foi realizado para verificar relação entre o uso de EPI durante o trabalho portuário e os resultados dos exames radiográficos do tórax e espirometria, não indicando relação significativa entre as variáveis. Considerações finais: O ambiente de trabalho portuário apresentou potencial para o desenvolvimento de alterações à saúde respiratória dos trabalhadores portuários avulsos, sendo necessário o desenvolvimento de ações de promoção da saúde na atenção à saúde do trabalhador.

Palavras-chave: Doenças Respiratórias; Saúde do Trabalhador; Promoção da Saúde; Enfermagem.


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