SOROPREVALÊNCIA DE DOENÇAS INFECCIOSAS EM APENADOS DO SUL DO BRASIL

Helena Beatriz Jacobs, João Pedro Bernardy, Morgana Marion, Fernanda Machado, Daniela Becker, Jane Dagmar Pollo Renner, Lia Gonçalves Possuelo

Resumo


Introdução: O número de indivíduos apenados no Rio Grande do Sul é altíssimo e a maioria das prisões não possui atendimento médico, o que submete estes indivíduos a um péssimo estado de saúde, além da privação de liberdade. A população prisional é caracterizada por condições inadequadas de vida, devido a fatores como a superlotação, pouca ventilação, precariedade e insalubridade que aumentam o risco para transmissão de doenças. O confinamento também estimula práticas como o comportamento sexual, a má alimentação, a falta de higiene e as elevadas taxas de uso de drogas, que tornam o sistema prisional propício à proliferação de doenças infecciosas como Hepatite C (HCV), Hepatite B (HBV), Tuberculose (TB), Sífilis (VDRL) e HIV. O ambiente prisional apresenta muitos fatores que contribuem para a disseminação de doenças infecciosas. A superlotação, a própria situação de confinamento, práticas sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas contaminadas para uso de drogas, tatuagens e piercings, escassez ou ausência de serviço médico local, más condições de higiene, falta de ventilação e também de políticas de prevenção dessas doenças, colocam a população prisional como alvo fácil para a proliferação de doenças infecciosas, as quais muitas vezes apresentam-se assintomáticas, e são facilmente levadas à comunidade quando ocorre o retorno do indivíduo à sociedade. Objetivo: Estimar a prevalência de Sífilis, HIV, Hepatite B e Hepatite C, bem como suas respectivas co-infecções na população prisional do Presidio Regional de Santa Cruz do Sul. Método: Realizou-se um estudo descritivo transversal retrospectivo dos registros de análises sorológicas de apenados do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, realizadas entre janeiro de 2012 e junho de 2014. Os dados foram obtidos no arquivo do 13º Laboratório Regional de Santa Cruz do Sul DILASP/IPB-LACEN-RS. No estudo foram incluídos todos os registros sorológicos obtidos referentes às seguintes análises: HIV, VDRL, HCV, HBsAg, Anti-HBc total, Anti-HBcIgM e Anti-HBS. Os únicos dados populacional levados em consideração foram idade e sexo.  Resultados: Foram analisados dados de 349 apenados com idade média de 31 anos (±8,56), variando de 18 a 59 anos e com 86% (n=29) o sexo masculino  predominou em relação ao sexo feminino 14% (n=49). Como resultados positivos obtiveram-se: 6% (n=21) para Sífilis, 4,9% (n=17) para HIV, 8,3% (n=29) para HCV. Para HBV, os dados obtidos foram: 86% (n=300) Suscetíveis ao vírus, 1,1% (4) em Fase Aguda, 1,4% (n=5) em Fase Crônica, 5,7% (n=20) como Infecção Passada e 2,2% (n=11) na fase de Janela Imunológica. Na investigação sobre co-infecções, não houve casos de HBV/HCV assim como também para Sífilis/HCV. As co-infecções diagnosticadas foram as seguintes: Sífilis/HCV 0,3% (n=1), HIV/HBV 0,6% (n=2) e as co-infecções HIV/HCV e Sífilis/HIV ambas apresentaram a mesma prevalência de 0,9% (n=3). Considerações finais: O ambiente prisional fornece dados de uma população de alto risco para disseminação de doenças infecciosas. Diante destes resultados, percebe-se a necessidade de promover políticas de prevenção e tratamento precoce dessas infecções.

Palavras-chave: Sífilis; HBV; HCV; HIV; Infecções Sexualmente Transmissíveis; Prevalência.


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