A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DOS ALUNOS EGRESSOS AO CURSO DE ELETROMECÂNICA – ESTUDO DE CASO NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA

Marcelo Eder Lamb, Jane Marlize Röpke, Magnus Jaime Scheffler

Resumo


INTRODUÇÃO: O Instituto Federal Farroupilha – campus Santa Rosa está inserido numa região com uma matriz produtiva na área da metalmecânica. De entre os cursos ofertados, o Curso Técnico em Eletromecânica tem uma grande relevância dentro da região, pelo grande número de indústrias e empresas do ramo. Neste sentido, este estudo buscou caracterizar a trajetória profissional dos alunos após o término do curso do Curso Técnico em Eletromecânica, procurando identificar como era a atuação e o conhecimento destes alunos da área e como viam a contribuição do curso na melhoria do conhecimento e preparo para atuação profissional na área, bem como, se a formação proporcionou aumento de remuneração ou de promoção de função ou cargo. METODOLOGIA: Metodologicamente, desenvolveu-se um estudo de caso contando com estudantes egressos que concluíram o curso do Curso Técnico em Eletromecânica no ano letivo 2016/2017. Para isto, foram utilizados como instrumentos de pesquisa um questionário e uma entrevista semi-estruturada. REFERENCIAL TEÓRICO: Como referencial teórico do trabalho utilizamos Campos (2017) para identificar que a maior parte da renda média do brasileiro provém do trabalho, Frigotto (2010), que sugere os cursos noturnos como forma de conciliar trabalho e estudo com foco na formação para o trabalho, Freire (2015) quando traz que o aluno adulto tem saberes concernentes, assumindo-se como sujeito da produção e construção do próprio saber, Barros (2013) expressa que, a educação de adultos  é uma ferramenta de intervenção social de grande importância e considera como um mecanismo de emancipação por excelência, Demo (2012) ao destacar que processo educativo é a condição para abertura de oportunidades de desenvolvimento das sociedades. Além disso, fez parte do referencial Machado (2010), que considera um desafio integrar formação num processo ensino-aprendizagem com propostas e projetos pedagógicos articulados para formação humana e profissional e Pacheco (2011), que também afirma que as aprendizagens não podem ser quantificadas, mas é importante identificar as que mais marcaram. RESULTADOS: Com os resultados do questionário aos egressos, foi possível constatar que após o curso 60,7% atuavam na área da eletromecânica ou alguma atividade relacionada com o aprendizado do curso. No que diz respeito à percepção que os alunos tinham do seu conhecimento antes da realização do curso, 78,6% disseram que tinham conhecimento considerável antes de iniciar o curso, ou que tinham conhecimento, mas muito limitado. Confirma-se assim, conforme Gadotti & Romão (2011, p.142), que o aluno adulto trabalhador, vem à escola com um “saber próprio, elaborado a partir de suas relações sociais e dos seus mecanismos de sobrevivência” e este conhecimento pode ser usado como base para a construção de novos saberes, mantendo este adulto motivado e integrado, para evitar a sua evasão. Quando perguntados sobre a sua percepção da contribuição do curso no crescimento profissional no seu local de trabalho e como consideram o seu preparo e crescimento após a conclusão do curso Técnico em Eletromecânica, 53,6% consideraram a contribuição do curso positiva. Conforme Simões (2010), não só o reconhecimento por parte da sociedade e por parte do próprio indivíduo bastam. Devem ter uma remuneração satisfatória, deter uma determinada posição e de forma subjetiva, gostar de desempenhar a atividade. Sobre retribuição financeira ao concluir o curso, com aumento de rendimento ou salário, 71,4% responderam não. Sobre a obtenção de alguma forma de promoção de cargo, função ou reconhecimento pela realização deste curso 89,3% responderam não. Segundo Cortella (2016), o retorno financeiro tem importância, mas é relativa, mas a falta de reconhecimento é a principal causa da desmotivação e é frustrante quando não é dado ao profissional o devido valor pelo resultado do trabalho. Foram citadas várias aprendizagens pelos entrevistados, onde percebeu-se que os significados mudam de um para outro, de acordo com o interesse individual, ao entender, conhecer profundamente esta aquisição de novos conhecimentos isto faz ter sentido no momento que o egresso reconhece que usa o conhecimento para resolver problemas no trabalho e para a vida. A retribuição de maior relevância identificada foi o aprendizado para o crescimento pessoal e profissional na área de atuação. Formar para a autonomia exige desenvolvimento de sensibilidade, “capacidade de acumulação de conhecimento e informação, a habilidade de apropriar-se desse conhecimento e dar a ele aplicabilidade” (CORTELLA, 2016, p. 168). CONCLUSÃO: Após identificar as motivações iniciais para ingresso no curso, de permanência e o esforço para conclusão, a caracterização dos egressos após a conclusão do curso, foi possível identificar através da pesquisa, em que área estes profissionais estão atuando atualmente, as melhorias ou mudanças proporcionadas e as aprendizagens que usam no dia a dia. O reconhecimento ou a melhoria financeira, mesmo considerada como uma motivação inicial, não refletiu de forma considerável, por outro lado, reconhecer que o conhecimento transforma, permitindo crescimento pessoal, familiar e profissional, teve maior significado em relação ao retorno financeiro. As aprendizagens que mais marcaram, mesmo que complexas, foram mais específicas como na elétrica, eletrônica, automação e afins.

 

Palavras Chaves: cursos técnicos; trajetórias profissionais; trabalhadores; motivações.


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ISSN 2965-0615