PSICOLOGIA DA SAÚDE: PERCEPÇÕES DE GRADUANDAS(OS) ACERCA DO CONCEITO, DA PRÁTICA E DA FORMAÇÃO.

Letícia Bortolotto Flores, Bianca Zanchi Machado, Catheline Rubim Brandolt, Roberta Finn Motta, Samara Silva dos Santos

Resumo


A Psicologia na Saúde têm sua história atravessada pela inserção nos contextos hospitalares, carregando uma perspectiva individual e clínica. Com a reformulação do conceito de saúde e abertura para novos campos de atuação, a psicologia vai inserindo e desafiando-se na saúde pública. Diante desse campo, se fez necessário redefinir saberes, teorias e práticas de modo a tentar alinhá-los aos ideais propostos pelo SUS. Um ponto importante é a reformulação dos cursos de graduação, repensando a composição de grades curriculares. Esta é uma demanda social, pois, a saúde é a segunda área que mais absorve profissionais da psicologia. Diante disso, objetiva-se uma reflexão acerca da percepção de acadêmicas(os) de psicologia sobre o fazer da Psicologia da Saúde e sua formação nesse âmbito. Este é um recorte de uma pesquisa realizada para uma disciplina do Programa de Pós Graduação em Psicologia de uma Universidade do interior do Estado do Rio Grande do Sul. O método utilizado foi o “snow ball”, devendo as(os) participantes responder às seguintes perguntas: '1-O que você entende sobre a atuação da Psicologia da Saúde?', '2-Quais atividades você acha possível da Psicologia exercer no campo da saúde?' e '3-Como você percebe que a graduação aborda essa temática?'. As perguntas foram enviadas, via aplicativo de celular, para duas acadêmicas de psicologia de instituições na cidade, sendo que essas participantes iniciais deveriam indicar novas(os) participantes, construindo, assim, uma rede de referências. A pesquisa seguiu as normas da resolução 510/2016 de Ética na Pesquisa em Ciências Sociais e Humanas, sendo a gravação das respostas ocorrida de forma livre e autônoma. Diante das respostas obtidas referentes à questão 1, observa-se, primeiramente, a dificuldade das acadêmicas em contextualizar o fazer da Psicologia da Saúde, visto na fala a seguir: “(...) e também eu fico um pouco receosa de falar talvez alguma besteira, não sei" (V, 5ºsem). Essa sensação de insegurança ao relatar o tema foi percebida na maioria das falas. Outro ponto importante refere-se a dificuldade de desvincular a prática na saúde com o modelo inicial de inserção no campo, destacando a dualidade saúde-doença. Essa questão, evidencia-se nas falas: “eu geralmente fico confusa, assim..quando falam Psicologia da Saúde, porque.. eu acho que é algo bem amplo, aí não sei se engloba, ã, Psicologia hospitalar, ã (...)” (C, 5ºsem), e “Então..eu creio que a Psicologia vai atuar compreendendo como o sujeito vai viver... e vai experimentar o estado de saúde e doença dele, né” (A, 8ºsem).  Portanto, neste recorte, pode-se concluir que através das falas as graduandas demonstram prevalente dificuldade em contextualizar o fazer da Psicologia da Saúde, necessitando em retornar para os fazeres clínicos como um campo seguro. Ainda percebe-se a prevalência de um fazer conduzido  pelo modelo tradicional, isto pode ser o reflexo de uma forte presença de disciplinas tradicionais disponíveis nas grades. Assim, nota-se que a construção da formação crítica sobre a atuação nas políticas sociais de saúde não encontra uma sustentação nas presentes grades curriculares nos cursos da cidade. Com isso, atividades extracurriculares, como projetos de pesquisa e/ou extensão, são espaços potentes. Este é um dado preocupante, pois evidencia que a formação em Psicologia ainda é atravessada, em sua maioria, por disciplinas teóricas e clínicas, abrangendo de forma optativa as Políticas Sociais.


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