A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO AMBIENTE HOSPITALAR

VANIA ROSIMERI FRANTZ SCHLESENER, DAYANY DA COSTA BRAUERS, EDILSON FERNANDO CASTELO

Resumo


No Brasil, a Odontologia Hospitalar foi legitimada em 2004 com a criação da Associação Brasileira de Odontologia Hospitalar (ABRAOH). No ano de 2008, foi apresentado à Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro o Projeto de Lei nº 2776/2008 que estabelece como obrigatória a presença do cirurgião-dentista nas equipes multiprofissionais hospitalares, atuando inclusive dentro das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O objetivo deste estudo é justificar a importância da atuação do cirurgião-dentista no ambiente hospitalar. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa eletrônica nas bases de dados: Scielo, Medline, Pubmed e GoPubmed, tendo como critérios de busca os seguintes termos: "Odontologia Hospitalar", "Unidade de Terapia Intensiva", "Saúde Bucal". Foram selecionados para o estudo 11 artigos que apresentavam uma abordagem relacionada com a pesquisa e enfatizavam a importância da atuação do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional no ambiente hospitalar, e também os agravos associados com higiene bucal em pacientes internados, especialmente na UTI. Verificou-se que a incorporação deste profissional à equipe hospitalar contribui para o bem-estar e dignidade do paciente, prevenindo infecções, diminuindo o tempo de internação e uso de medicamentos. Diversos estudos evidenciam que a pneumonia nosocomial é responsável por altas taxas de morbidade, mortalidade e aumen­to expressivo dos custos hospitalares, principalmente em pacientes internados na UTI. Seu estabelecimento se dá mais comumente pela aspira­ção do conteúdo presente na boca e faringe, considerando que frequentemente esses pacientes apresentam alterações no nível de consciência, e encontram-se em ventilação mecânica com intubação orotraqueal. Estudos enfatizam que durante as manobras de intubação, o tubo tem acesso direto às vias respiratórias inferiores, proporcionando a entrada mecânica de bactérias da boca para os pulmões, o que pode causar a pneumonia. Porém, através da aplicação de protocolos, tem-se comprovado a eficácia da clorexidina na concentração de 0,12% e 0,2% como um importante agente antimicrobiano na realização da higiene bucal, considerando seu tempo de ação de até 12 horas. Os avanços científicos trazem subsídios para acreditar na contribuição significativa do tratamento odontoló­gico, especificamente a intervenção periodontal, na prevenção e/ou melhora da condição sistêmica. Estudos evidenciam que pacientes internados não possuem higienização oral adequada, possivelmente pelo desconhecimento de técnicas adequadas pelas equipes de terapia intensiva, considerando que o uso do ventilador mecânico dificulta a higienização bucal. Atualmente o cirurgião-dentista enfrenta muitos obstáculos na tentativa de participar de equipes multidisciplinares, especialmente nas UTIs, já que a prioridade do procedimento odontológico é baixa, diante dos numerosos problemas apresentados pelo paciente. Em contrapartida, trabalhos científicos demonstram redução de 60% na incidência de pneumonia e de taxas de mortalidade em grupos de pacientes que recebem cuidados odontológicos, quando comparados ao grupo controle. Ao final deste estudo, salienta-se que a saúde bucal é essencial para a qualidade de vida do indivíduo. Portanto, conclui-se que é de extrema importância a participação de um profissional dentista na equipe multiprofissional do ambiente hospitalar, principalmente na unidade de terapia intensiva.


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