PRAZER, PRESERVATIVO: ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE USUÁRIOS DE UM CENTRO DE ATENDIMENTO À SOROLOGIA SOBRE O USO DO PRESERVATIVO NAS RELAÇÕES SEXUAIS.

EDUARDO STEINDORF SARAIVA, CAROLINE LAU KOCH

Resumo


O não uso do preservativo nas relações sexuais é uma das causas que vem contribuindo para a ascensão da curva de contaminação pelo vírus HIV, segundo dados da UNAIDS - Nações Unidas e a Resposta à AIDS no Brasil - atualmente há 33 milhões de pessoas convivendo com o vírus HIV. Este estudo tem como objetivo compreender os fatores que levam o sujeito à prática sexual desprotegida e consequentemente ao risco de contaminar-se pelo HIV. Ele foi realizado no período de agosto de 2012 a junho de 2013, durante o estágio integrado em Psicologia I e II, em um Centro de Referência à Sorologia localizado no interior do estado do Rio Grande do Sul. A metodologia empregada no estudo foi a quantitativa em que foram analisados 954 questionários respondidos por sujeitos que realizaram o teste de anti-HIV no ano de 2011. Estes questionários são fornecidos e padronizados pelo Ministério da Saúde e buscam levantar questões referentes aos históricos de saúde do sujeito e suas atitudes sexuais que podem influenciar na vulnerabilidade frente ao HIV. Os dados obtidos foram analisados pelo programa Microsoft Office Excel 2007 em forma de gráficos. Após o levantamento dos dados, obteve-se uma amostra de 54% de sujeitos do sexo feminino e 46% dos sexo masculino. Da amostra total do estudo 64% declarou estar em uma relação estável, ou seja, há mais de seis meses com o mesmo parceiro e a faixa etária predominante foi adulto jovem ( 20 a 34 anos) e adulto ( 35 a 59 anos), respectivamente 40 e 43%. Em relação ao uso do preservativo no último um ano, 59% da amostra com parceiro fixo diz não utilizar e vinculam esta atitude à confiança que depositam no seu parceiro. Já 53% dos sujeitos com parceiros eventuais dizem utilizar o preservativo todas as vezes ou mais da metade das vezes, enquanto 30% afirma não usar o método. Nos relacionamentos eventuais os motivos para o não uso variam, destacando-se o não dispor do preservativo no momento da relação sexual, estar sobre o efeito de álcool/drogas e não gostar. Para a análise dos dados optou-se pela utilização da teoria das reapresentações sociais entendendo que ela permite acessar justificativas utilizadas para orientar julgamentos e ações acerca do mundo. Ao fim, chegou-se à conclusão de que fatores como representações de gênero; os valores de confiança e fidelidade nas relações amorosas; influência de álcool/ drogas, e não dispor do preservativo no momento da relação sexual contribuem para as práticas sexuais desprotegidas. A representação de gênero influi devido às ideias naturalizadas sobre o que é papel de homem e de mulher, em que homens iniciam a vida sexual mais cedo e podem falar dela mais abertamente e às mulheres terem sua vida sexual mais reservada ou velada. A confiança causa influência na relação desprotegida, pois ocupa o papel de prevenção de doenças nos relacionamentos estáveis protegendo o sujeito frente a quaisquer riscos. Por fim, o uso de álcool/drogas influencia por atuar no estado de consciência do sujeito ocasionando a perca da noção de risco e o não dispor do preservativo denota a vergonha de carregar consigo um preservativo e desta atitude ser interpretada pelos outros como interesse em sexo.


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