O Bairro Bom Jesus surgiu na década de 20 e, na década de 90, visando melhorar a realidade da população, implantou-se um posto de saúde, destinado a atender as necessidades da população que, no ano de 1998, tornou-se unidade do programa de saúde da família, passando a ser denominada Estratégia da Saúde da Família (ESF) em 2009. Em 1980, o já populoso bairro Bom Jesus é caracterizado, pelos órgãos da imprensa, por inúmeros problemas, que vão desde a falta de infraestrutura adequada, em termos de esgoto, por exemplo, até a inexistência de policiamento, o que gera intranquilidade entre os moradores e a população da região. Frente a isso, durante a realização da prática de Saúde Coletiva II, desenvolvido no território de abrangência da ESF, surgiu o interesse em desenvolver um estudo com o objetivo de analisar alguns aspectos do bairro, a partir da visão dos moradores da área de abrangência da unidade Gaspar Bartholomay. A metodologia de Estimativa Rápida Participativa foi utilizada para a coleta de dados e informações que reflitam condições locais, situações específicas e o envolvimento da comunidade na definição de seus próprios problemas e na busca de soluções. Foram aplicados questionários com 6 moradores do território de cobertura da ESF, considerados, pela comunidade, informantes-chave por serem pessoas influentes, lideranças, moradores antigos, etc. A faixa etária dos entrevistados ficou entre 35 a 84 anos, sendo 3 do gênero masculino e 3 feminino. Ao analisar os dados coletados foi possível observar que o bairro surgiu em função da necessidade de moradia, sendo na sua maioria de pessoas advindas de outras regiões. O nome do bairro, segundo um dos entrevistados, é em função da igreja local e o apelido "Camboim", de acordo com a maioria dos entrevistados, é em função da vegetação que existia na localidade. A população, sob o ponto de vista dos informantes, está satisfeita com o ESF, acreditam que o sistema de saúde da localidade, as escolas, o transporte público e a coleta de lixo melhoraram muito; mas ainda consideram insuficientes as vagas das creches e é possível observar locais da região que se assemelham a depósitos de lixo. Segundo as entrevistas, as moradias são, na maioria, próprias e ainda é possível avistar precariedade em muitas instalações. O maior problema que a população enfrenta hoje, a partir dos dados coletados, é o tráfico de drogas no bairro, que por vezes gera medo de violência. Na visão de metade dos informantes (três) a falta de emprego de alguns gera má alimentação, violência e o envolvimento com o tráfico. Uma das pessoas relatou que acredita ser necessários profissionais da assistência social para que consigam resolver as fragilidades da população. Com base nas entrevistas consideramos que uma das prioridades de atenção é a questão social, como drogas, violência, falta de assistência como creche e empregos. Percebemos que os problemas de saúde, no geral, estão sendo bem encaminhados, pois todos referem facilidade de acesso à unidade de saúde. Os participantes da pesquisa acreditam que iniciativas como o uso da Estimativa Rápida são ótimas, pois permite que a população tenha um papel decisivo na identificação da realidade. A utilização de tal metodologia propiciou aos acadêmicos ampliar a visão sobre os problemas da comunidade, além da aprendizagem de uma ferramenta que valoriza as particularidades de cada realidade na identificação das prioridades.