VISITA DOMICILIAR: OUVINDO O SER HUMANO

MIXIANNI JUSTO PEREIRA, NATANA DAL MOLIN, BEATRIZ BALDO MARQUES, CLAUDIA FABIANA REICHERT , ESTELA MARIS GASSEN GONCALVES

Resumo


Entre as atividades desenvolvidas pela disciplina de Saúde Coletiva em Odontologia estão as visitas domiciliares. A experiência de realizar essas visitas é de extrema importância aos acadêmicos da área da saúde, pois eles saem dos consultórios e têm a oportunidade de conhecer a realidade do paciente, seu lar, sua família, seu dia a dia e a infraestrutura que o cerca. Conhecendo o ambiente do paciente, entende-se melhor certos hábitos que para eles são normais, mas julgamos incorretos ou inaceitáveis. Mas para isso, tem-se que compreender sua linguagem, não fazer uso de termos técnicos, não constrangê-lo, não colocá-lo em situação que se sinta desconfortável, que sinta receio de contar algo. Passa-se a ver o paciente como um todo e pode-se compreender melhor sua condição financeira e social, inclusive as limitações. A visita domiciliar tem a capacidade de estabelecer um vínculo entre o acadêmico e o visitado, o qual tem a possibilidade de desabafar, expor sua visão de mundo, falar de seus problemas e suas expectativas. O acadêmico que faz a entrevista não deve influenciar nas respostas nem impor condições, pelo contrário, deve passar segurança para o entrevistado, pois assim ele não terá receio de revelar algo. Esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de conhecer melhor os moradores do bairro Rauber de Santa Cruz do Sul/RS. A entrevista era guiada por um questionário sobre questões sócio-econômica-culturais, de saúde, história médica, acesso aos serviços odontológicos, autopercepção em saúde bucal, higiene, dieta, conhecimento sobre serviços e acesso à universidade. A partir desta foi possível detectar problemas da comunidade e conhecer formas diferentes de organização em sociedade. Os 42 entrevistados responderam quanto a queixa principal: 40,47% não referiram queixas; 19% relataram pouca acessibilidade à educação infantil; 19% reclamaram a falta de infraestrutura local. No quesito saúde, 45% consideraram que saúde é o bem-estar; 12% disseram que saúde é a ausência de doenças e 9,5% consideraram como ausência de dor. Em suma, é importante buscar relação entre as patologias e os determinantes ambientais aos quais os entrevistados estão sujeitos. Observa-se entre os determinantes os hábitos e o estilo de vida da família como um todo, além de restrições aos serviços básicos de saúde e educação. Mediante um olhar abrangente que ultrapasse a dimensão biológica, a história do paciente não será apenas o registro de dados, mas a chave para a compreensão de seu mundo.


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