JORNAL FALADO: FERRAMENTA DE ACESSIBILIDADE DE COMUNICAÇÃO PARA OS CEGOS

DEMETRIO DE AZEREDO SOSTER, DAIANA STOCKEY CARPES

Resumo


O acesso à informação para pessoas com deficiência sensorial, ou seja, pelo não funcionamento (total ou parcial) de algum dos cinco sentidos, é algo ainda restrito, apesar dos avanços tecnológicos e das leis que asseguram esse direito. Porém, na prática, pouco se tem feito de ações que promovam a acessibilidade. Em se tratando de pessoas que possuem deficiência visual ou cegueira, a informação se dá, principalmente, por meios auditivos. No entanto, os meios de comunicação, como rádio, televisão ou jornal impresso, permanecem sem fazer uma audiodescrição sobre a notícia em si, e o mais preocupante é a falta de projetos que promovam essa inclusão. Diante disso, esse público fica com menos possibilidades de acompanhar informações vindas destes meios de comunicação. A proposta deste artigo vai ao encontro dessa necessidade, e foi realizada para a disciplina de Projeto Experimental em Jornalismo, no primeiro semestre de 2013, e consiste na elaboração de um produto de comunicação acessível aos cegos. O trabalho exposto é uma adaptação, por meio de métodos jornalísticos, na qual o jornal laboratório do curso de Comunicação Social - Unicom - receberá uma versão em áudio, que chamaremos de Jornal Falado, garantindo a acessibilidade daqueles que não podem ler, e, consequentemente, o direito à informação. No primeiro momento, justificamos este trabalho por ser uma proposta inovadora, uma vez que dialoga com a acessibilidade e com a comunicação - no âmbito acadêmico, e de cunho social, pois promove a inserção daqueles que possuem deficiência visual em uma esfera que este público não teria acesso. Além de atender aqueles que possuem deficiência visual, o projeto também atenderá aos que possuem visão, pois irá conter informações que só possuem na versão em áudio. A ideia deste trabalho surgiu da necessidade de adaptar um jornal acadêmico impresso para um meio acessível a um aluno cego do curso de Ciências Contábeis, da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Em agosto de 2011 foi criada a primeira edição do jornal em áudio do informativo Ábaco. A partir disso, passamos a nos questionar como a comunicação trabalha a acessibilidade, resultando no artigo "Jornal em Áudio: adaptação de acessibilidade na comunicação?", apresentado no XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, e publicado no livro Tecnologias, pra quê? (2012), da editora Armazém Digital, e organizado pelos professores pesquisadores César Steffen e Álvaro Benevenuto Júnior. Com o avanço da tecnologia, novas práticas alternativas de comunicação pela internet aparecem e abrem espaço para pensar em um meio que promova o acesso daqueles que possuem alguma deficiência, como é o caso do jornal em áudio, do curso de Ciências Contábeis, conforme citamos anteriormente. Outro exemplo é o rádio para surdos produzido por acadêmicos de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, em que uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) traduz a notícia narrada. Nesta perspectiva, questionamos qual o papel dos comunicadores, enquanto estudantes e profissionais da área, uma vez que o receptor da notícia necessita de um meio adaptado para receber tal informação. Diante do exposto, identificamos a necessidade de pesquisar sobre a acessibilidade na comunicação.


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