POR QUE AS CRIANÇAS PROCURAM O MEDO?

GESSICA DOS SANTOS, ISIS LOPES DE ALMEIDA, ANGELA COGO FRONCKOWIAK

Resumo


Decorrente de nossa atuação como bolsistas do PIBID/CAPES UNISC, no Colégio Estadual Professor Luiz Dourado, durante o primeiro semestre de 2013 e da realidade a respeito da temática do medo com a qual tivemos contato, este trabalho se apresenta como uma tentativa de compreender melhor porque as crianças se interessam tanto pelas histórias de terror e de mistério. Nossa análise, contudo, se direciona especialmente aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental pertencentes às turmas que tivemos a oportunidade de atender, tanto na monitoria em sala de aula quanto nas atividades de gestão desenvolvidas na biblioteca da escola. Desenvolver práticas de leitura com crianças e adolescentes é uma atividade particularmente interessante e, no nosso caso, nos proporcionou conhecimento e reflexão sobre as preferências dos alunos no que tange à leitura. Nos encontros dedicados à monitoria junto às aulas de Língua Portuguesa, percebemos que grande parte dos alunos se identificava com a temática do terror. Nos momentos em que propúnhamos atividades com as "fichas poéticas" (material confeccionado pelos bolsistas do Subprojeto 3 - Letras no primeiro semestre de 2012), dentre gêneros e temas diversos, verificamos que esses alunos demonstravam maior interesse pelos textos que continham elementos de mistério e de aventura e que também poderiam proporcionar o sentimento do medo. Isso nos permitiu refletir sobre essa preferência dos alunos e incorporar a questão na elaboração de nossas atividades. Na biblioteca da escola, embora atendêssemos turmas de 6º ano do turno oposto aos da monitoria, pudemos confirmar que a procura pela temática do terror era constante. Mesmo quando os alunos não mencionavam especificadamente a história de terror, suas preferências eram claramente por livros que contassem com elementos de ação, aventura e mistério. Gostavam de histórias que lhes proporcionassem a sensação de medo. Pensando nisso, tomamos a iniciativa de organizar um "cantinho do terror e da aventura" nas estantes de literatura infantojuvenil, o que logo chamou a atenção dos alunos. Em vista disso, passamos a nos questionar sobre o assunto e entendemos que as crianças procuram o medo nas histórias que leem não pelo fato de se sentirem assustadas, mas pela experiência da imaginação. O medo proporciona a possibilidade de inventar, de viver o conflito e o desafio, de se deixar ser conduzido pelo mistério da narrativa, e é justamente essa aventura que a criança procura ao escolher um livro como Frankenstein, por exemplo. Não é novidade que histórias pacíficas, sem dramas ou perigos, despertem pouco interesse nos leitores, tanto crianças quanto adultos. A partir dessa análise, pudemos compreender melhor as preferências de leitura desses alunos de 6º ano por narrativas um tanto sombrias e enriquecer nossa experiência como professores de turmas dessa faixa etária. Acreditamos que, para obter sucesso em aulas de leitura com alunos, é preciso conhecer suas preferências e elaborar atividades a partir delas, como, por exemplo, a criação do "cantinho do terror e da aventura".


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