PSICOLOGIA NO ENSINO MÉDIO E TÉCNICO-PROFISSIONALIZANTE:DISCUSSÕES E PERCEPÇÕES ACERCA DA FORMAÇÃO E PRÁTICA DOCENTE.

JERTO CARDOSO DA SILVA, MARCELO AUGUSTO FERREIRA

Resumo


Investigação e discussão de algumas questões acerca da disciplina de Psicologia nos Ensinos Médio e Técnico-profissionalizante. A metodologia utilizada foram entrevistas semiestruturadas com quatro professores da cidade de Santa Cruz do Sul, RS, partindo do pré-requisito de que deveriam contar com mais de um ano de prática docente no Ensino Médio ou Técnico e serem formados em Psicologia. Foram apresentadas três questões norteadoras: a) A partir da tua experiência docente, se tu fosses elaborar uma disciplina para formação de professores de Psicologia, como seria essa disciplina? b) Quais as possibilidades e dificuldades na docência em Ensino Médio e Profissionalizante? c) De que forma tornar as aulas mais atraente aos alunos? Discussão dos dados: A confusão entre o papel de psicólogo clínico e professor de psicologia aparece, em especial no caso do entrevistado "A", justamente aquele com formação mais antiga. Talvez isso possa ser creditado a uma formação na qual ele foi sujeito em uma época em a psicologia clínica era quase que exclusivamente o conteúdo do Curso de Psicologia. Os demais entrevistados demonstraram maior compreensão da importância que tem o professor de psicologia em abordar questões que façam o aluno pensar criticamente a sua realidade, o que vai ao encontro do que se espera de um professor. Estas questões fazem eco com o que foi encontrado em duas entrevistas com professores de psicologia, realizadas por Klinko et all (2010), em que algumas questões da clínica psicológica são motivo de abordagem individual dentro de sala de aula por uma das professoras entrevistadas. Silva (2010) aborda a questão dos conteúdos a serem ministrados, a partir de uma pesquisa realizada junto a alunos de uma escola pública paranaense, entre os anos de 1999 e 2003. Os alunos dão preferência a que se trabalhe o autoconhecimento, relegando a um segundo plano temáticas da psicologia como ciência: compreensão da estrutura psíquica do ser humano e aprendizado de relações humanas e consigo próprios. O resultado acaba por antagonizar o que defende a articulista supracitada: "O debate, em torno da licenciatura atende a um duplo propósito: ele fortalece a luta pela Psicologia no Ensino Médio, tomada como um conhecimento importante, necessário à formação de um aluno crítico, criativo e atuante. Ele problematiza a formação do Psicólogo, na perspectiva da superação do viés clínico e da inserção da Psicologia no campo da maior política pública deste país, que é a educação." (SOLIGO, 2013) Pandita-Pereira et all (2012) problematizam os conteúdos limitados que acabam sendo objeto de ensino nas escolas técnicas, muitas vezes apenas instrumentais. As autoras alertam para o risco de reprodução do que de pior se teve historicamente na atuação dos profissionais de Psicologia nas escolas, servindo à domesticação e avaliação pura e simples dos indivíduos, além do estabelecimento de padrões de comportamento normal, internalizando justificativas naturalizadas da desigualdade social à classe oprimida, que é normalmente a fatia social de onde provêm os alunos do ensino técnico, em sua maioria. Vale ainda destacar o esforço por parte das organizações profissionais, CFP, ABEP e outras para o retorno da disciplina de Psicologia como obrigatória ao Ensino Médio. Já é obrigatória a oferta de cursos de licenciatura em estabelecimentos que oferecem formação de Psicólogo. Há um caminho aberto de possibilidades para a retomada da disciplina em escolas.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.