TERRA INDÍGENA JAMÃ T TÃNH: OS KAINGANG DA ''ALDEIA DO COQUEIRO'' NO VALE DO TAQUARI

MARINA INVERNIZZI, JONATHAN BUSOLLI, MARIA IONE PILGER, TUANI DE CRISTO, LUÍS FERNANDO DA SILVA AROQUE

Resumo


O grupo étnico Kaingang pertence ao Tronco Linguístico Jê e faz parte dos povos Jê Meridionais. Totalizam atualmente mais de trinta mil indivíduos e encontram-se distribuídos em regiões dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Projeto de Extensão História e Cultura Kaingang em Lajeado e Estrela/RS é desenvolvido em parceria entre o Centro Universitário Univates e Instituição Sinodal de Assistência, Educação e Cultura/Departamento de Assuntos Indígenas/Conselho de Missão Entre Índios (ISAEC/DAÍ/COMIN). Na região do Vale do Taquari encontramos duas terras indígenas (T.I.): uma delas é a T.I. Foxá, localizada no município de Lajeado, precisamente no Bairro Jardim do Cedro, desde meados de 2002, a outra é a T.I. Jamã Tÿ Tãnh, no município de Estrela, Bairro Linha Glória, ali desde meados da década de 1960. O objetivo deste trabalho é apresentar dados históricos e culturais da T.I. Jamã Tÿ Tãnh e atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão. A metodologia consiste em um estudo etnohistórico de cunho qualitativo e natureza descritiva. Os procedimentos metodológicos consistem em visitas às terras indígenas, diálogos com os Kaingang, registros fotográficos e fílmicos, elaboração de diário de campo, levantamento bibliográfico e acompanhamento da causa indígena em jornais da região. Como resultados, tomando como referencial teórico autores que tratam da cultura, da mitologia e da etnicidade, informamos que a T.I. Jamã Tÿ Tãnh encontra-se localizada no Km 360, próximo à BR 386 no Vale do Taquari. A pesquisa histórica indica que as primeiras famílias Kaingang que se estabeleceram na referida terra indígena vieram da antiga Gruta dos Índios, atual Parque da Gruta em Santa Cruz do Sul, em decorrência de terem sido desapropriadas do local. Tanto a migração como a fixação dos Kaingang no Vale do Taquari deu-se porque sua concepção territorial é pautada na relação histórica com os antepassados que teriam vivido ali. O espaço físico da aldeia permaneceu em situação precária até meados de 2005, quando, na época em parceria com o CEPI (Conselho Estadual dos Povos Indígenas), conseguiu a construção de moradias mais adequadas e melhorias no saneamento básico. Atualmente as lideranças da T.I. Jamã Tÿ Tãnh são Maria Conceição Soares (cacique) e seu irmão Carlos Soares (vice-cacique) que representam as vinte quatro famílias (120 pessoas aproximadamente) da comunidade. A sustentabilidade econômica do grupo provêm em maior parte da venda do artesanato e do cultivo de verduras e leguminosos. Salientamos ainda que esta terra indígena faz parte do tradicional território Kaingang, portanto tem servido para encontro de lideranças políticas, lideranças espirituais (kujã) e como palco para realização de parte da Cerimônia do Kiki Koi (Festa dos mortos). Os dados levantados em atividade de campo e revisões bibliográficas são manuseados como conhecimentos científicos e utilizados em palestras, oficinas e debates caracterizados pelas flexibilidades didático-pedagógicas em relação ao público, que varia entre a educação básica e a graduação. As atividades problematizam questões sobre a temática indígena, com o intuito de que preconceitos desprovidos de informações sejam revistos. Concluindo, é importante salientar que as atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão, sejam elas em campo ou no meio educacional e acadêmico, remetem a uma reflexão sobre os Kaingang: um grupo protagonista de sua própria história.


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