A LUDICIDADE DOS ENCONTROS POÉTICOS NA EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA

CARLA CRISTINE REIS, TAMIRIS ZINN, SANDRA REGINA SIMONIS RICHTER

Resumo


O projeto de pesquisa "Dimensão Poética das Linguagens e Educação da Infância", vinculado ao grupo de pesquisa Linguagens, Cultura e Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul, desenvolve estudos em torno da educação da infância a partir das concepções de imaginação poética (Gaston Bachelard), corpo operante (Maurice Merleau-Ponty), ludicidade (Johan Huizinga) e narrativa (Paul Ricoeur). A partir da proposta metodológica de promover encontros entre adultos e crianças com a literatura e as artes plásticas, investiga ações educativas com crianças pequenas que contemplem a ludicidade das interações, a poeticidade e a ficcionalidade das linguagens enquanto estratégia de aproximação da pesquisa com o cotidiano das crianças no contexto coletivo da escola de Educação Infantil. Os encontros entre as crianças e os adultos ocorreram no espaço e tempo do ateliê do memorial da UNISC e foram por nós planejados, registrados, e explorados a partir das ações de pintar, cantar, desenhar, modelar, ler, escutar e vocalizar poesias como modo de perseguir mediações lúdicas em "rodas poéticas". Nas rodas poéticas, adultos e crianças brincam e jogam, tomam decisões, enfrentam os acasos, ensaiam tentativas, imitam, repetem, experimentam a tensão que é interrogar o mundo, a alegria e o divertimento que é rearranjá-lo e transformá-lo sem cindir imaginação e razão (RICHTER; FRONCKOWIAK, 2011). O termo "poético" remete ao grego poïein - o vigor do agir (CASTRO, 2004) - como elemento fundamental não apenas do devir em linguagens mas do poder de produção de sentido (RICOEUR, 2002). Desde as primeiras interações com os retroprojetores, a modelagem (argila e massa), o desenho, a pintura e a literatura (histórias, poemas), ocorreram interlocuções em pequenos grupos organizados pelas experiências lúdicas com a luz, a sombra, traço, a mancha, a palavra e as imagens. Essa diversidade favoreceu a emergência de juntos, adultos e crianças, configurarem narrativas que, através da ação ficcional, permitiram compartilhar a experiência e ampliarem o real ao aprenderem ou reaprenderem a significar o vivido no coletivo. A cada encontro a repetição de atividades era reapresentada em diferentes sequências, o que causou, tanto nas crianças quanto nos adultos, a vontade de dar continuidade e sentir novamente tudo aquilo que foi vivenciado e explorado. A partir do estudo, foi possível perceber a relevância de uma ideia mais ampla de aprendizagem na educação da infância, premissa que é essencial para romper a concepção escolar de ser a leitura e a escrita os únicos modos de promover interações na educação das crianças pequenas.


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