PREVALÊNCIA DE MUCOSITE ORAL DOS PACIENTES EM TRATAMENTO ONCOLÓGICO NO SERVIÇO DE QUIMIOTERAPIA DO CENTRO DE ONCOLOGIA INTREGADO DO HOSPITAL ANA NERY – SANTA CRUZ DO SUL

Barbara Soldatelli Ballardin, Luana Cardoso De Freitas, Leo Kraether Neto

Resumo


Não existe atualmente um tratamento anticâncer capaz de destruir apenas as células malignas sem causar danos às demais estruturas normais. Os tecidos com grande capacidade de renovação, como o epitélio da cavidade oral são os mais atingidos. A mucosite oral é uma inflamação da mucosa bucal que tem relação direta com o tratamento quimioterápico antineoplásico, relacionada com alguns agentes quimioterápicos específicos. O objetivo do trabalho foi investigar as principais drogas quimioterápicas antineoplásicas que induzem a mucosite oral e que mais frequentemente são utilizadas no COI do Hospital Ana Nery. Durante a pesquisa, identificou-se qual o tipo de tumor dos pacientes em tratamento quimioterápico, a droga quimioterápica utilizada, a realização concomitante de radioterapia, e a presença de mucosite durante o tratamento. A pesquisa foi realizada com os pacientes em tratamento no COI, de maio à agosto de 2016. Foram excluídos da amostra os pacientes que realizavam tratamento com drogas que não são possíveis causadoras de mucosite oral. Foram entrevistados, portanto, 102 pacientes, sendo 57 mulheres e 45 homens. Desses, 53 pacientes estavam realizando ou realizaram radioterapia concomitante com a quimioterapia. Dentre os tumores diagnosticados, os mais encontrados foram Câncer de Mama (27 casos) e Câncer Colo Retal (24 casos – sendo 15 homens e 9 mulheres). Outros tumores presentes foram esôfago (8), pulmão (8), laringe (5), colo de útero (4), estômago (3), metástase cervical sem identificação de sítio primário (3), Linfoma Não Hodgkin (3), Linfoma de Hodgkin (3), fígado (2), língua (2), testículos (2), pâncreas (2) e casos isolados de câncer de rim, ovários, orofaringe, seio maxilar, bexiga e Melanoma. Dentre os pacientes entrevistados, 41 foram diagnosticados em estágio IV, 32 em estágio III, 26 em estágio II e 2 em estágio I, e apenas 1 dos pacientes não apresentava estadiamento definido. Dos 102 pacientes, 30 relataram ter apresentado história compatível com mucosite oral em algum momento do tratamento quimioterápico, e apenas 8 estavam com mucosite no momento em que foram entrevistados. Entre os 8 pacientes com mucosite oral, dois casos foram classificados como Grau I; três casos como Grau II e três casos como Grau III. Apenas um dos pacientes com mucosite não estava realizando radioterapia concomitante. A droga utilizada no tratamento dos dois pacientes classificados como Grau I foi a Cisplatina (CDDP), já os pacientes com mucosite Grau II utilizavam as medicações 5-Fluorouracil, Doxorrubicina e um paciente com protocolo CMF, ou seja, Ciclofosfamida, Metotrexato e 5-Fluorouracil utilizadas em conjunto. Entre os pacientes diagnosticados com mucosite Grau III, dois deles realizavam tratamento com CDDP e um com Metotrexato. Nos 30 pacientes que relataram ter apresentado mucosite em algum momento, as drogas utilizadas para o tratamento foram principalmente 5-Fluorouracil (4 casos), Doxorrubicina (4 casos) e Paclitaxel ou Taxol (3 casos). Com esse trabalho foi possível observar que existe associação positiva entre determinados agentes quimioterápicos e a presença de mucosite oral. A partir disso, conclui-se que é de suma importância que essas drogas sejam identificadas, para quem assim, o serviço de Oncologia do HAN possa reorganizar os planos de administração medicamentosa, ou, caso não seja possível, que possam ser estabelecidos protocolos para prevenção das mesmas e que essas sejam tratadas imediatamente pelo serviço de saúde.

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