VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE NO ÂMBITO DOMICILIAR: SUAS CONSEQUÊNCIAS E AS ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Caroline Cervo, Mariele Hoelz, Luciane Maria Schmidt Alves

Resumo


A saúde das crianças e adolescentes é um assunto que preocupa a sociedade, principalmente quando ocorre violência no ambiente familiar. Dessa forma, torna-se necessário estudar as implicações que estes sofrem devido às agressões ou omissões ocorridas no âmbito intrafamiliar, nas questões sociais, psicológicas, emocionais e cognitivas. É fundamental a assistência adequada dos profissionais da saúde diante de um caso de violência, tanto para o indivíduo agredido quanto para a sua família e as implicações referentes a notificações e subnotificações. Cabe lembrar que a violência contra criança e adolescente é uma questão de saúde, que embora haja políticas relacionadas ao tema, hoje, torna-se um grande problema de saúde pública no país. O presente trabalho tem como objetivo discutir os impactos da violência domiciliar para crianças e adolescentes e o papel do profissional da saúde frente a esta realidade. O estudo foi do tipo bibliográfico, desenvolvido na disciplina de Saúde Coletiva I do curso de graduação em Enfermagem da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). A coleta de dados ocorreu através de pesquisa em bases científicas Scielo, publicadas entre 2011 e 2016. Apesar de muitos avanços nas políticas em relação à saúde e integridade da criança e do adolescente, sabe-se que há elevado percentual de violência que ameaça a vida destas pessoas, mesmo possuindo igualdade de tratamento e direitos assegurados por lei e políticas próprias. Mesmo assim a violência contra sua integridade física e emocional está enraizada em nossa sociedade a ponto de ser considerada normal, afetando toda a família. Estes atos geram custos sociais e econômicos, problemas emocionais e de qualidade de vida aos indivíduos envolvidos, pois podem necessitar de assistência física, psicológica e judiciária. A violência acarreta transtornos físicos, comportamentais, psicológicos, cognitivos e sexuais, levando o indivíduo agredido a se tornar um potencial agressor, o que faz com que este ciclo de agressões se torne infindável. Com a implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente, as notificações de casos suspeitas ou confirmados de agressão, tornou-se obrigatória por parte dos profissionais da saúde, independente dos atendimentos serem da rede pública ou privada. Atendimentos relacionados à violência doméstica têm aumentado dentro dos serviços de saúde, mas o número de notificações ainda é baixo. Acredita-se que esta subnotificação ocorra devido ao despreparo dos profissionais da saúde, falta de conhecimento, estrutura e apoio nas redes, por questões psicológicas, estruturais do sistema e por medo de agressões e ameaças por parte do agressor. Percebe-se que no Brasil questões relacionadas à violência contra crianças e adolescentes são um problema grave que afeta a saúde das famílias envolvidas, tornando-se uma questão de saúde coletiva. O tema é pouco discutido entre os profissionais da saúde devido à falta de treinamentos, questões de proximidade e sentimentos destes com essas crianças ou adolescentes, dificultando as notificações e abordagens. Os profissionais da saúde possuem papel importante junto à sociedade em relação aos atos de agressões praticadas dentro do âmbito familiar, tendo a obrigação de realizar as notificações, proporcionando conforto e assistência para estas famílias.

Palavras-chave: violência domiciliar, saúde da criança e adolescente, profissional da saúde.


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