CALOR MATERNO OU INCUBADORA: OLHARES DA EQUIPE TÉCNICA OBSTÉTRICA QUANTO AO PRIMEIRO CONTATO DA MÃE COM O RECÉM-NASCIDO

Dayane Schmidt, Cristiane Davina Redin Freitas

Resumo


O nascimento é um momento especial na vida dos pais e do recém-nascido. Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) desenvolveram programas e diretrizes, baseados em evidências, sobre as práticas mais indicadas ao atendimento de parturientes e dos recém-nascidos (RN). Estas orientações devem ser seguidas, visando um atendimento de qualidade, permitindo aos usuários um acolhimento humanizado, não voltado apenas aos aspectos biológicos/físicos, mas também emocionais/afetivos. Uma prova disto é a atualização das diretrizes da atenção integrada e humanizada ao recém-nascido publicada pelo Ministério da Saúde (MS) através da Portaria nº 371, em 7 de maio de 2014. Nela, entre outras recomendações, assegura-se o contato da mãe com o bebê, colocando-o imediatamente após o seu nascimento no tórax ou abdômen ficando pele a pele com a mãe. O contato pele a pele da mãe e bebê deve ocorrer para o RN a termo com ritmo respiratório normal, tônus normal e sem líquido meconial (BRASIL, 2014, pg. 02). Entre outros benefícios, fornece calor suficiente para que este não necessite ir para uma incubadora, o que prioriza o vínculo inicial. Segundo Klaus et al (2000), a partir do momento em que a mãe e o bebê estão juntos após o nascimento, ocorrem diversos fenômenos físicos e comportamentais que, provavelmente, influenciam para sua união, facilitando o desenvolvimento da relação mãe/bebê. Esta pesquisa buscou compreender como se dá o processo do nascimento em um hospital do interior do Rio Grande do Sul. Por meio de uma pesquisa qualitativa, foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas com profissionais da saúde inseridos em um Centro Obstétrico. Após a coleta, os dados foram analisados, conforme a Análise de Conteúdo como proposta por Bardin (2011), tendo sido gravadas as falas dos entrevistados, o que permitiu ao pesquisador transcrevê-las integralmente. Os dados surgidos das entrevistas foram categorizados e interpretados. Com a realização da pesquisa, conseguimos descobrir como se dá o processo de nascimento no referido hospital, sendo este bastante padronizado. Percebemos que a equipe compreende a importância do primeiro contato entre a mãe e o bebê e a grande maioria dos entrevistados é a favor de que esse contato seja priorizado, porém, a equipe médica apresenta certa resistência. Sobre os impedimentos para que esse contato ocorra podemos citar o grande fluxo no referido hospital, a falta de pediatra no setor (Centro Obstétrico) e a visão da equipe médica. Ainda, encontramos na fala dos profissionais que o tipo de parto (normal ou cirúrgico) afeta diretamente na facilidade de se manter esse contato contínuo, pele a pele, entre a mãe e o recém-nascido. O que observamos através desta pesquisa é que há o reconhecimento dos benefícios do contato imediato entre mãe e bebê, porém aplicá-lo na realidade hospitalar nem sempre é possível. Também, há as barreiras institucionais, desde estrutura física até falta de profissionais no quadro clínico, e as barreiras médicas ainda são fortes, dificultando esse processo. Os impedimentos são muitos, desde o alto fluxo até as concepções pessoais e profissionais do médico. Mas apesar de existirem opiniões contrárias a essa prática que preconiza o contato materno, o que se conclui é que há um interesse por parte da equipe técnica em estimular esse vínculo inicial.

Palavras-chave: nascimento; acolhimento humanizado; vínculo inicial.

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