As características anatômicas e funcionais dos órgãos genitais externos femininos podem interferir no comportamento das mulheres, podendo causar impacto na autoestima e no desempenho sexual. Os sentimentos de constrangimento com a função sexual, tais como a vergonha e a ansiedade, são motivos que levam as mulheres a buscar a melhora sobre o aspecto da sua genitália. Recentemente, algumas propostas de tratamento para estas disfunções tem sido apresentadas, como a radiofrequência para o tratamento da flacidez e das fibroses em cicatrizes. Através dos seus efeitos térmicos, a radiofrequência provoca contração imediata das fibras de colágeno e ativação dos fibroblastos com consequente formação de novas fibras de colágeno assim que a temperatura for mantida entre 40 e 42ºC e, em temperaturas entre 36 e 38ºC, ocorre uma reorganização do colágeno, promovendo uma melhor maleabilidade do tecido. O objetivo desse estudo foi verificar os efeitos da radiofrequência no tratamento da flacidez genital e da cicatriz de episiotomia. Trata-se de um estudo de caso de uma paciente de 51 anos, branca, do sexo feminino, que apresentava como queixa principal flacidez na região genital e desconforto em relação à cicatriz. De acordo com a avaliação, a paciente tem vida sexual ativa, realizou cirurgia de histerectomia, faz terapia hormonal, teve quatro gestações com duas perdas e dois partos normais e realiza fisioterapia uroginecológica uma vez por semana para incontinência urinária. Na avaliação física, apresentou flacidez de pele na região dos grandes lábios e, através da palpação, foi detectada cicatriz aderida e hipertrófica na região do períneo. O tratamento foi composto por cinco sessões, com frequência de 1 vez por semana, sendo que cada sessão contou com o uso de radiofrequência não ablativa, a qual foi utilizada com manopla bipolar, temperatura de 38ºC na cicatriz durante 1 minuto, e com temperatura de 41ºC para o tratamento da flacidez dos grandes lábios, durante 4 minutos. Os resultados foram analisados após 7 dias do último atendimento através do registro fotográfico e também do exame físico para análise da cicatriz. Observou-se melhora do trofismo da pele com redução da flacidez dos grandes lábios provavelmente devido à formação de colágeno promovido pela aplicação da radiofrequência. Durante a palpação verificou-se diminuição da hipertrofia do tecido cicatricial e melhora da maleabilidade do tecido com consequente redução da espessura da cicatriz de episiotomia. A radiofrequência é um recurso não invasivo que se mostrou eficaz no tratamento da flacidez cutânea dos grandes lábios e na melhora da aparência da cicatriz de episiotomia e da funcionalidade do tecido.