ANÁLISE DO NÚMERO DE AJUSTES DE PRÓTESES EM AMPUTADOS DE MEMBRO INFERIOR

Ana Paula Dattein Peiter, Tatiana Lasch de Souza, Michele Dariva Haetinger, Cassia da Luz Goulart, Angela Cristina Ferreira da Silva

Resumo


O uso de prótese de membro inferior, apesar de objetivar maior autonomia e melhor desempenho nas atividades de vida diária, pode ocasionar alterações no padrão de marcha e causar desconforto ao sujeito amputado. Ressalta-se que o uso contínuo da prótese resulta em adaptações do coto, através das zonas de pressão e alívio, influenciando em seu tamanho e na remodelação de tônus no coxim terminal. Conforme o desconforto no coto apresentado pelo sujeito ou sua a incapacidade de adaptação à prótese, se faz necessário à realização de um ajuste, feito de maneira a proporcionar ao sujeito a capacidade de usar a prótese com conforto, sem apresentar intercorrências e possíveis lesões. Objetivo: Verificar o número de ajustes de próteses realizados em um serviço de dispensação das mesmas, buscando suas relações com variáveis clínicas. Metodologia: Estudo transversal realizado com amputados de membro inferior protetizados incluídos no Serviço de Reabilitação Física da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Foram verificados dados como idade, sexo, nível (transtibial e transfemural) e causa de amputação (traumática e não traumática) e quantidade de próteses já utilizadas, dos sujeitos que realizaram ajustes no período de janeiro a julho de 2016. Os dados foram analisados e expressos em média, desvio padrão e frequência, bem como realizada correlação de Spearman para verificar relação entre idade e número de ajustes e o teste t de Student para comparação das variáveis independentes. Resultados e Discussão: 54 amputados realizaram ajuste de prótese no período analisado, apresentando uma média de idade de 53,06±16,9 e média de ajustes de 1,7±1,2. Não houve diferença significativa entre o nível de amputação (p=0635), causa de amputação (p=0,488) e sexo (p=0,073). Entretanto, verificamos que o maior número de ajustes estava associado ao sexo masculino, ao nível de amputação transtibial e causa de amputação traumática. Além disso, vimos que o maior número de ajustes ocorreu com aqueles sujeitos que estavam utilizando sua primeira prótese (38,9%) e na correlação entre idade e número de ajustes, apesar de não significativa (p=0,348; r= -0,130), demonstrou que quanto maior a idade, menor o número de ajustes realizados. Podemos justificar a maior prevalência de ajustes em sujeitos que utilizam a primeira prótese, pelo fato do coto estar em fase de hipotrofismo (remodelamento) e por adaptações ao uso deste dispositivo para deambulação. Ressaltamos ainda que o menor número de ajustes em indivíduos com idade mais avançada pode estar relacionado com as mudanças fisiológicas naturais provenientes do envelhecimento. O maior número de ajustes transtibiais pode ser justificado por este ser um nível de amputação com menor revestimento muscular, o que resulta em maiores pontos de pressão, predispondo a um maior número de lesões de pele as quais imediatamente ao seu aparecimento é suspenso o uso da prótese. Assim como o predomínio de ajustes por homens, pode ser justificado por estes apresentaram maior proeminência da tuberosidade da tíbia, o que leva a abertura de feridas, desconfortos no coto e constantes ajustes no encaixe da prótese. Conclusão: A colocação de uma prótese busca promover aos amputados uma melhor qualidade de vida. Entretanto, é fundamental que os sujeitos realizem os ajustes necessários para proporcionar um maior bem-estar e adaptação adequada ao uso da prótese e que os serviços de dispensação destas proporcionem este benefício.

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