IMPORTÂNCIA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA SEQUELA DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: UMA EXPERIÊNCIA NA ATENÇÃO BÁSICA

Ana Paula Dattein Peiter, Eduardo Bugs Eichelberger, Lisiane Lisboa Carvalho

Resumo


O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma afecção de alta incidência no mundo, estando diretamente associada a fatores de risco modificáveis, como o tabagismo, sedentarismo e alimentação inadequada. Grande parte dos sujeitos acometidos permanecem com sequelas motoras, principalmente relacionadas com a alteração de tônus muscular e da marcha. Entretanto, estas alterações físicas muitas vezes são acompanhadas de demandas psicológicas e de falta interação social, sendo extremamente importante o acompanhamento multiprofissional para com estes pacientes. O objetivo deste trabalho é descrever a experiência multiprofissional desenvolvida na Atenção Básica com um paciente com sequela de AVE, por meio de um relato de caso desenvolvido através do Estágio Supervisionado em Fisioterapia na Saúde Coletiva I, na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Cristal/Harmonia, no município de Santa Cruz do Sul-RS. Foram realizados 11 atendimentos fisioterapêuticos domiciliares no período de março a julho de 2016, ao paciente A.C., sexo masculino, 75 anos, com sequela de AVE isquêmico cerebelar, diagnosticado em fevereiro de 2016, comprometendo o hemicorpo esquerdo. Na avaliação fisioterapêutica verificou-se um déficit importante de coordenação e equilíbrio, disartria, alteração do padrão da marcha e diminuição da capacidade respiratória. Iniciamos os atendimentos focando em condutas para manutenção da amplitude de movimento global, treino de marcha e exercícios para melhora do equilíbrio estático e dinâmico. Porém, conforme nos integramos à residência, verificamos que haviam importantes conflitos familiares, afetando a saúde mental e nutricional do paciente, dificultando a nossa intervenção. Assim, procuramos primeiro discutir o caso com a Agente Comunitária de Saúde (ACS). Posteriormente, solicitamos visita domiciliar para a estagiária do curso de Nutrição que, juntamente com o médico, prescreveram suplemento nutricional, assim como uma dieta hipercalórica e hiperprotéica. Também referenciamos o paciente para acompanhamento psicológico, através do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). A ACS encaminhou o caso para o Centro de Referência a Assistência Social, para intervenção quanto aos conflitos familiares. Quando identificamos estas barreiras, ampliamos nossa visão e adaptamos o tratamento fisioterapêutico para obtermos sucesso quanto aos objetivos traçados. Ao final de um semestre de atendimentos, verificamos que o paciente apresentou melhora no padrão da marcha, através da melhora do equilíbrio dinâmico e da força muscular dos membros inferiores. Além disso, consideramos como um aspecto importante o fato de termos conseguido encorajá-lo a sair de casa e deambular na rua, demonstrando ao mesmo a possibilidade de retomar a sua autonomia e uma maior independência nas atividades de vida diária, fazendo-o acreditar em si mesmo. A partir desta experiência, pudemos compreender a importância da equipe multiprofissional na ESF, além de evidenciarmos na prática o quanto as alterações emocionais e sociais interferem na estrutura física dos indivíduos.

Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico (AVE); tratamento fisioterapêutico; alterações emocionais e sociais.

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