CUIDANDO DO CÉREBRO EM DESENVOLVIMENTO: ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DA HEMORRAGIA INTRACRANIANA PERI-INTRAVENTRICULAR EM UTI NEONATAL

Daniela Knak, Ingre Paz

Resumo


A hemorragia Peri-intraventricular (HPIV) é uma das principais causas de mortalidade e morbidade em RNs prematuros. A etiologia dessas hemorragias é multifatorial e envolve a fragilidade vascular cerebral própria da prematuridade, alterações de fluxo sanguíneo e perfusão cerebral e variações da pressão intracraniana. Quanto maior a prematuridade, maiores são as chances de desenvolvimento de HPIV. A gravidade da HPIV está relacionada a sua extensão, e pode variar do grau I, hemorragia leve, até o grau IV, hemorragia grave. 34% a 44% das HPIV ocorrem na primeira hora de vida, sendo 88% diagnosticadas nas primeiras 24 horas do nascimento. As primeiras 96 horas são fundamentais para a prevenção da HPIV. Este trabalho objetiva identificar as principais estratégias de cuidado aos RNs prematuros internados em Unidade de Terapia Intensiva neonatal na prevenção de hemorragias Peri-intraventriculares. Consiste em um estudo descritivo, de revisão da literatura e consulta em bases científicas online, desenvolvido na Disciplina de Enfermagem no Processo de Cuidar – Unidade de Clínica Pediátrica do curso de Enfermagem da Universidade de Santa Cruz do Sul. Quanto ao melhor posicionamento dos RNs, é de comum acordo entre os autores que a posição lateral ou dorsal com cabeceira elevada a 30°C e cabeça em posição mediana contribuem para um fluxo cerebral homogêneo e que a posição ventral lateraliza o pescoço, pressionando artérias e consequentemente diminuindo o fluxo cerebral, e com a movimentação do pescoço o fluxo aumenta bruscamente, causando hipertensão intracraniana. Há unanimidade entre os autores sobre a influência dos estressores ambientais no desenvolvimento do bebê (ruído, luminosidade e manuseio), bem como na privação de sono, causando estresse, choro, irritação e, consequentemente, aumento da pressão intracraniana. Uma das estratégias trazida por alguns autores é a mínima manipulação do bebê, inclusive agrupando todas as intervenções da equipe para o mesmo momento, proporcionando um tempo mais prolongado de sono ao RN. Também é mencionado o protocolo de toque mínimo nas primeiras 96 horas, com intervalos de 8 horas entre as manipulações, deve ser mantido em decúbito dorsal com cabeça mediana, em colchão adequado para prevenir lesões. Após 72 horas, se hemodinamicamente estável, pode ser utilizado decúbito lateral com cabeça mediana. Manter cabeceira elevada a 30° e evitar elevar os membros inferiores acima da cabeça, pois isso aumenta a pressão intracraniana. A manutenção da temperatura, glicose, pressão arterial e da gasometria arterial também são importantes, pois a desestabilização desses fatores causa alterações fisiológicas no organismo do bebê que altera o fluxo sanguíneo cerebral, causando hipertensão intracraniana, podendo ocasionar a HPIV. A vascularização do cérebro do prematuro é extremamente frágil e suscetível a hemorragias. O ideal em uma UTI neonatal seria reproduzir para o bebê o mesmo ambiente tranquilo que teria se estivesse no intra-uterino, para ele se desenvolver e maturar seus órgãos, inclusive o cérebro. O conhecimento e a realização dos cuidados adequados com o RN internado em UTI são imprescindíveis na prevenção da HPIV.

Palavras-chave: hemorragia Peri-intraventricular (HPIV); morbidade em prematuros.


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