A GESTÃO EM SAÚDE COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Ana Carolina Rios Simoni, Alissia Gressler Dornelles, Leticia Aline Back, Karla Gomes Nunes

Resumo


Este trabalho tem como objetivo possibilitar o registro de um caminho de afetação e movimento, inerentes ao processo de formação. Esse registro se dá a partir do estágio curricular em Psicologia, ainda em desenvolvimento, na 13º Coordenadoria Estadual de Saúde. Como procedimento de interlocução com esse campo, houve um esforço de retomada bibliográfica em torno do processo de regionalização em saúde e seus princípios, tendo em vista que a forma como o trabalho se constitui na gestão está atravessada por esse processo; o contato-aproximação com os trabalhadores, na busca pela história viva; e um movimento quase que etnográfico, de imersão e experimentação de um campo de estágio composto de muitas linhas de forças e diversos pontos de afetação. Diante disso, faz-se importante marcar o lugar desta formação afetada, que força o movimento em torno do conhecer e que inevitavelmente coloca em voga o lugar de estagiário. O espaço da gestão em saúde é complexo, na medida em que exige uma compreensão mais estrutural e outra mais orgânica do processo. Nesse sentido, tomo como estrutural a compreensão do processo mais duro, especialmente o processo de regionalização, que interfere na constituição e conformação desse espaço, pois implicou em mudanças na organização do trabalho na medida em que, definiu maior autonomia para os municípios ao mesmo tempo em que possibilitou a produção de singularidades nos diferentes territórios; assim como se fez necessário isso que chamei de orgânico, na perspectiva do que se vive na pele, que vem de organismos vivos, ou melhor, que vem dos trabalhadores. Fica evidente que o trabalho na gestão em saúde é sempre um entre, a construção de uma relação com o outro permeada pelo desafio de fazer o meio de campo entre a gestão da ação da política pública, os trabalhadores de saúde e o usuário. Nesse sentido, evidencia-se o desafio de ocupar este espaço (que também me ocupa) e que constantemente convoca para a ação, para o enfrentamento com a tensão do entre, da necessidade e do esforço de compreensão das linhas de força, bem como das possibilidades de potencialização das ações e diretrizes do SUS. Estar na gestão em saúde é estar, constante e incansavelmente, afirmando o SUS que queremos. Nessa perspectiva, ressalta-se como resultados desse processo a atuação em diferentes frentes, tais como: a construção do apoio institucional e o acompanhamento de discussões de caso junto as equipes de saúde; o acompanhamento de processos de desinstitucionalização; e a participação em espaços coletivos propositivos e deliberativos de diferentes políticas públicas. Além destes aspectos, é importante dar contorno para a densidade em torno da minha formação enquanto estagiária de Psicologia, tendo em vista que o campo da gestão tem possibilitado uma formação que é vivida, que é na pele e que portanto, reverbera, produzindo efeitos nas formas através das quais percebo o campo e as interfaces do trabalho em saúde.
Palavras-chave: Afetação; Movimento; Processo de formação.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.