VIOLÊNCIA E MALANDRAGEM NOS CONTOS DE FADAS

Julia Rodrigues Valente, Rosane Maria Cardoso

Resumo


Este trabalho apresenta o viés da violência e da malandragem como temáticas abordadas nas narrativas populares maravilhosas a partir da leitura de alguns contos selecionados. Em razão de se tratar de uma monografia e para não tornar o trabalho acadêmico prolixo, apenas os contos mais conhecidos da literatura infantil serão objeto desta discussão literária. Entre eles, destacamos: Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida, O Pequeno Polegar; Barba Azul e O Gato de Botas. São histórias que nos acompanham desde a primeira infância, traduzidas em interesse, curiosidade, encantamento e magia. Tanto as fadas quanto o maravilhoso me foram apresentados em uma de minhas andanças pela biblioteca, em busca de inspiração para a construção do projeto. Tudo que sabia sobre essas narrativas caiu por terra ao entrar em contato com o livro O grande massacre de gatos, do historiador Robert Darnton, cujo enredo mostrava uma roupagem diferente da visão mágica, romântica e idealizada dos contos de fadas, conduzindo-me a uma releitura. Este trabalho se propõe, num primeiro momento, a introduzir o leitor no universo das narrativas populares maravilhosas, apresentando suas formas. Num segundo momento, visa a possibilitar a reflexão sobre algumas características - violência malandragem, heroísmo e banalização - presentes nos contos narrados, fazendo um contraponto entre as versões encontradas para um mesmo conto em períodos diferentes da história (período feudal e contemporaneidade). Em termos gerais, o presente trabalho apresenta uma análise das características encontradas nas atitudes e nos comportamentos dos personagens dessas narrativas. Especificamente, apresenta a perspectiva da violência e da malandragem na versão primitiva e a mudança de características nas versões posteriores de uma mesma história, bem como define as formas e a natureza da narrativa maravilhosa, contemplada na literatura folclórica ou infantil. O estudo sobre a temática escolhida justifica-se pela possibilidade de explorar visões de mundo pouco familiares para os contos de fadas, de conhecer como os contadores de histórias transmitiam e transmitem aos ouvintes sua maneira de pensar, organizar a realidade e entender o mundo, nos aspectos morais e éticos. A fundamentação teórica se alicerça, essencialmente, em autores conceituados na área da literatura infantil, especificamente com estudos sobre as origens das narrativas maravilhosas, tais como: Robert Darnton, Mariza B. T. Mendes, Nelly Novaes Coelho, Sheldon Cashdan, Maria Tatar e Marina Warner. A temática foi desenvolvida por meio de revisão bibliográfica da produção literária dos autores referidos, no intuito de promover uma familiarização com o assunto, caracterizando-se, assim, como uma pesquisa de natureza exploratória. Segundo Santos (2001, p. 26), esse tipo de pesquisa “é tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno”.


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