MULHER E TRABALHO RURAL: REFLEXÕES E PUBLICAÇÕES ATUAIS

Elise Julia Sehn, Karla Gomes Nunes

Resumo


Este trabalho surge de atravessamentos pessoais e acadêmicos, durante minha trajetória no estágio integrado em Psicologia e na construção do projeto de trabalho de conclusão de curso. Neste percurso, venho sendo afetada por diversas questões referentes ao trabalho, bem como sua importância na constituição dos sujeitos, além dos atravessamentos da economia capitalista e do modelo patriarcal de organização da nossa sociedade. Neste sentido, o objetivo principal deste é compreender o que está sendo produzido atualmente acerca da temática do trabalho feminino, em articulação ao meio rural (de onde eu venho, e de onde parte meu olhar neste momento). Isto porque percebo que diversos estudiosos já se debruçaram sobre a questão do trabalho, em articulação ao gênero (STREY, 1999; PREHN, 1999; e FONSECA, 2000, por exemplo). No entanto, esta discussão ocorre basicamente no contexto urbano-industrial, o que provoca minha inquietação quando falo sobre o campo e/ou meio rural. Assim, parto de um questionamento inicial, qual seja: Qual é a visibilidade que se dá, no meio científico, acadêmico e social, à mulher que reside e trabalha no campo? Com o objetivo de refletir sobre estas perguntas, realizei uma revisão bibliográfica para mapear o que está sendo produzido, nos últimos anos, acerca da temática. A pesquisa foi realizada no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em 21 de março de 2016, buscando-se artigos, teses e dissertações, entre os anos de 2000 e 2016. Foram selecionados estudos revisados por pares, na língua portuguesa. Quando se realizou a busca pelo termo “trabalho feminino” foram localizados 52 resultados. Porém, afunilando a pesquisa para a associação dos termos “trabalho feminino” e “rural”; “trabalho feminino” e “agricultura”; e “trabalho feminino” e “campo”, puderam ser localizados (dentro dos parâmetros desta pesquisa) apenas 9 resultados. Observa-se que não havia, até o momento da pesquisa, estudos sobre o trabalho feminino, em intersecção ao meio rural, publicados nos anos de 2015 e 2016, além de se contar com poucas publicações nos anos anteriores (duas em 2014, e sete entre 2004 e 2011). Este levantamento corrobora a carência de produções sobre a mulher e o trabalho rural, especialmente na área das Ciências Humanas/Saúde/Psicologia. Pois, dos poucos trabalhos encontrados, a maioria pertence a outras áreas do saber (como as ciências sociais e agrárias, e a medicina veterinária, por exemplo). Isto evidencia que, apesar de a temática ser atravessada e problematizada por diversas áreas do conhecimento, ela parece não constituir um foco para as produções científicas no campo da Psicologia. Por derradeiro, ainda cabe ressaltar que, de um total de 15 autores(as) das publicações levantadas, 11 são mulheres, o que revela que atualmente a temática, quando explorada/estudada, ainda o é pelo próprio público feminino. Assim, finalizo reforçando a necessidade de que mais estudos e olhares sejam lançados à temática do trabalho feminino, especialmente no que tange o contexto do meio rural, tão pouco debatido no meio acadêmico. Ressaltando ainda que o presente trabalho é parte de uma pesquisa maior, em desenvolvimento. Esta, a partir do levantamento inicial ora apresentado, busca entender como a intersecção mulher/trabalho/rural é visibilizada em um jornal de circulação semanal em um município da região do Vale do Rio Pardo.

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