ANÁLISE INSTITUCIONAL: FORMAS DE SE FAZER ESCOLA.

Cleimar Luís dos Santos, Rosangela Fontoura da Cruz

Resumo


A escola é o local onde nossas crianças e adolescentes passam a maior parte de seu tempo e é entendida como um local no qual se inicia a jornada pelo aprendizado e pelo conhecimento. Somos atravessados por essa instituição de tal forma que seus traços e seus ensinamentos se mostram presentes pelo resto de nossas vidas. Pensando nisso, foi constituída como campo de intervenção uma escola de ciclos de formação da cidade de Lajeado/RS, que, diferente de escolas seriadas, com uma abordagem multidisciplinar, busca trabalhar com a progressão do aluno protagonizando o conhecimento de forma integral, respeitando suas capacidades e limites, não se baseando apenas em avaliações quantitativas. O objetivo deste trabalho é, através da Análise Institucional, buscar compreender o campo educação, entendendo seus processos instituídos e movimentos instituintes, bem como promover a reflexão da prática do ser professor. Para tanto, fez-se o uso do modelo de análise e roteiro de intervenção de Gregório Baremblit. Foram realizados nove encontros na instituição em reuniões pedagógicas, rodas de conversa com professores e gestores, além de visitas aos espaços e acompanhamentos em sala de aula. Durante os encontros do estágio na escola, levantando pontos para análise, é possível perceber uma instituição de ensino que tenta quebrar paradigmas da escola tradicional, buscando a real efetividade do aprendizado de seus alunos e a construção de cidadãos críticos, baseada nos pensamentos de Paulo Freire. Percebe-se que os professores buscam seguir as orientações e formatação desejados, mas não se dão conta do quanto o modelo tradicional ainda está arraigado nas suas subjetividades, concorrendo com o modelo idealizado pela escola. O grupo, apesar de compreender a proposta inovadora da escola, desconhece que, para que ela se incorpore no fazer cotidiano, é necessário problematizar cada prática da sala de aula, buscando encontrar em que paradigma se sustenta. Desconstruir e consolidar novos modos de fazer e pensar exige muito investimento e clareza acerca desse processo. Percebe-se, na escola, uma lacuna entre teoria e prática, práticas arraigadas se fazem mais presente do que talvez os professores gostariam de admitir, e também um desconhecimento de como colocar em prática o novo paradigma que eles compreendem e admiram, mas a respeito do qual ainda não têm a propriedade almejada. A práxis, tão desejada de Paulo Freire, parece não estar incorporada; o desafio que se coloca é saber como atuar e refletir, para, então, transformar a realidade. Talvez, a escola esteja emperrada nesse ponto, ocupados com a urgência das tarefas e do planejamento das atividades instituídas e com os problemas que fazem parte do momento atual da maioria das escolas: dificuldades de aprendizagem, contextos familiares e sociais deficitários, terceirização dos cuidados dos filhos, entre outros. A partir da Análise, foi possível perceber que aspectos da instituição educação, que estão para além dos muros de cada escola, tencionam seu campo, independente da teoria abordada por elas. Foi possível perceber que há outras formas de se trabalhar a educação no país, valorizando e potencializando o saber do aluno e do professor. Porém, ainda vemos a grande influência do que foi constituído no campo educacional até então, conflitando com esses novos ideais. Um conflito claro entre o instituído e o instituinte.

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