MUDANÇAS NOS HOSPITAIS A PARTIR DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

Andréia Kauffman de Oliveira Fritsch, Cristiane Davina Redin Freitas

Resumo


A presente pesquisa é conduzida a partir do interesse em verificar se os Hospitais Gerais estão preparados para o atendimento dos pacientes portadores de sofrimento psíquico/transtorno mental após a Lei da Reforma Psiquiátrica e se os funcionários se sentem capacitados para atender pacientes que chegam com sofrimento psíquico/transtorno mental. Para tanto, foram realizadas dez entrevistas individuais semiestruturadas, com perguntas abertas e fechadas, que foram gravadas com auxílio de um celular e, posteriormente, transcritas. Dessas entrevistas, cinco foram com funcionários atendentes do Plantão de Urgência e Emergência e cinco com funcionários que atendem os pacientes que ficam internados. Buscou-se investigar a qualidade do atendimento a pacientes acometidos de sofrimento psíquico/transtorno mental que chegam para serem atendidos no Plantão de Urgência e Emergência e na internação de um Hospital Geral de Santa Cruz do Sul. Também fez parte da pesquisa, a investigação da percepção dos funcionários quanto ao seu preparo para realizar esse tipo de atendimento. Através das entrevistas, após as análises do conteúdo, foi possível destacar quatro categorias distintas, sendo elas: Estrutura Física: a instituição atende na íntegra às normas reguladoras, ou seja, está de acordo com a legislação; porém, na percepção dos funcionários, poderia e deveria ser melhorada para oferecer mais segurança aos pacientes das alas psiquiátricas, mais especificamente quanto às grades nas janelas, visando a uma melhor segurança para os pacientes. Capacitação dos funcionários: notou-se um sentimento em relação à falta de capacitação e de preparo para atender os pacientes acometidos de sofrimento psíquico/transtorno mental. Ficou evidente que a maioria dos entrevistados reconhece que esses pacientes necessitam de cuidados especiais e que, como funcionários, eles não receberam nenhum treinamento específico. Além disso, ficou aparente que as equipes parecem não estar integradas e que existe, na instituição, um distanciamento entre as chefias e os funcionários. Humanização: surgiu por percebermos, através das falas dos funcionários, a necessidade de se ter um olhar diferenciado para os pacientes acometidos de sofrimento psíquico/transtorno mental, pois há uma preocupação em prestar um atendimento humanizado e, acima de tudo, acolhedor. Saúde Mental do Trabalhador: mereceu destaque por termos percebido o sofrimento dos funcionários entrevistados, que demostraram, de forma generalizada, grande sofrimento psíquico e sentimento de falta de apoio para tratamento e acolhimento. Alguns se encontram em situação de adoecimento, porém, observamos que, por questões de medo ou preconceito, acabam não buscando ajuda especializada. Por fim, ao concluir esta pesquisa, é possível considerar que o movimento de desinstitucionalização, que propôs um novo modelo assistencial, muito contribuiu para um olhar mais humanizado aos pacientes acometidos de sofrimento psíquico/transtorno mental. No entanto, percebemos que existe um grande entrave, que é a questão dos recursos financeiros. Conforme amplamente divulgado na mídia, devido ao atraso dos repasses das verbas por parte dos governos, os hospitais apresentam dificuldades de fazer tais investimentos, priorizando outras demandas que julgam mais urgentes e importantes para a instituição.


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