O ACOLHIMENTO EM GRUPO AOS USUÁRIOS NA PORTA DE ENTRADA DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL - CAPS

Graziela Klauck, Guilherme Santana, Samanta Barbosa, Teresinha Eduardes Klafke

Resumo


Este trabalho é parte do teórico-analítico, atividade obrigatória da disciplina de Estágio no Curso de Psicologia da UNISC. O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II de Santa Cruz do Sul, localizado no Vale do Rio Pardo, é um serviço do Sistema Único de Saúde (SUS). O CAPS é um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência em um dispositivo de cuidado intensivo, comunitário e promotor de vida. Seu objetivo é oferecer atendimento à população da área de abrangência (territorialidade), realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, ao lazer, ao exercício dos direitos civis e ao fortalecimento dos laços familiares e comunitários. O grupo de acolhimento é uma das atividades do CAPS coerente com uma política de “portas abertas”, que permite acesso a todos que procuram por tratamento. Refere-se a uma escuta qualificada da queixa do paciente, avaliação dos recursos necessários para manejo e tratamento de cada caso em sua singularidade, definindo uma estratégia terapêutica. O objetivo é entender o acolhimento inicial, na modalidade grupal, como procedimento de porta de entrada em um Centro de Atenção Psicossocial. Utilizamos como base a teoria do Construcionismo Social. A metodologia utilizada foi observativa e relacional, descrevendo, sob a nossa perspectiva, as experiências observadas semanalmente no Grupo de Acolhimento. As observações foram registradas em um diário de campo, dispositivo que permite captar no dia a dia os eventos e as percepções do observador. Há oito anos, o acolhimento no CAPS é realizado em grupo, acabando com agendamentos superiores a um mês. Esse acolhimento não é um grupo propriamente terapêutico, e sim de avaliação das demandas que surgem; no entanto, ele pode ser terapêutico para algumas pessoas em alguns momentos. O Grupo recebe pessoas novas e também retornos; seu propósito é compreender o contexto do usuário, seu sofrimento, identificar situações de risco, verificar por quais serviços já transitou, se já fez tratamentos anteriores, processo esse que é constituinte de vínculos. Realiza-se um atendimento com responsabilidade e resolutividade que visa dar uma resposta ao usuário no que se refere à sua inclusão no serviço ou orientação a dar continuidade em outro serviço, ativando, assim, uma rede multidisciplinar de compromisso coletivo. O acolhimento é um dispositivo de acionamento de redes internas, externas, multidisciplinares, comprometidas com as respostas às necessidades dos cidadãos, fazendo-se necessária a construção de uma rede de atenção mais efetiva e integrada, que se aproprie do entendimento do que é saúde e do que é transtorno mental, reduzindo, assim, os encaminhamentos. O acolhimento grupal permite aos participantes a construção de conhecimentos na coletividade, proporciona o compartilhamento de ideias, desejos e sintomas, bem como promove uma atitude de protagonismo em seu processo de saúde, dando-lhe autonomia para envolvê-lo e ser ativo no tratamento. O coordenador do grupo age com sensibilidade, manejo e flexibilidade para lidar com diferentes demandas e sentimentos. As vantagens do acolhimento em grupo se dão no momento em que o profissional descentraliza de si mesmo para centralizar sua atenção naquele que chega, proporcionando mútua ajuda e troca de vivências entre os participantes.


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