LUTO DO CORPO: PROCESSO DE ELABORAÇÃO EM UM SERVIÇO DE REABILITAÇÃO FÍSICA

Stefanie Schmidt, Carina Ferreira dos Santos, Franciele da Silva Moitoso, Marcus Vinicius Castro Witczak

Resumo


O processo de amputação implica diversas circunstâncias ligadas à realidade do paciente, como também a forma com que este passará a perceber e a lidar com a perspectiva de ter seu corpo modificado. A perda de um membro faz com que a pessoa entre em um processo de luto, havendo um estranhamento de seu próprio corpo, sendo este agora desconhecido, gerando assim a negação frente à situação. Para Gabarra e Crepaldi (2009), é neste período que o indivíduo pode ter a sensação de que sua independência e planos serão inalcançáveis. Entretanto, é fundamental para a reabilitação do acidentado que este possa elaborar seu luto, atribuindo um sentido para este acontecimento. Outro aspecto bastante frequente em amputados são as dores fantasmas, sendo a sensação de dor, aperto, dormência, entre outros aspectos, na parte amputada (GABARRA; CREPALDI, 2009). Este fenômeno pode fazer com que esse processo se torne mais demorado, trazendo consequências à saúde psíquica. O objetivo deste estudo é compreender o processo de luto do corpo e sua elaboração em indivíduos amputados de um Serviço de Reabilitação Física. Também busca refletir sobre a função do Psicólogo na estruturação do luto referente ao membro amputado e da sensação corporal. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em trabalhos científicos que qualificavam o desenvolvimento deste processo. A revisão bibliográfica é considerada relevante para Botelho, Cunha e Macedo (2011), tendo em vista a necessidade da elaboração de uma síntese organizada por diferentes ideologias. A perda de um membro do corpo pode significar para o indivíduo um sofrimento, devido à alteração inesperada da imagem corporal. Torna-se relevante a reintegração desta percepção à nova imagem do corpo. (BENEDETTO et al., 2002). O papel da Psicologia é fundamental em uma equipe multiprofissional a qual, segundo Klafke e colaboradores (2011), baseia-se em dar o auxílio necessário para o amputado ou portador de deficiência física, avaliando sua estrutura emocional, adquirindo estratégias para o processo de reabilitação. Deve-se considerar o paciente como um todo, dentro de sua singularidade, trabalhando não apenas com o processo de reabilitação, mas também com a família. Benedetto et al (2002) consideram importante a aceitação da perda física como condição facilitadora para a reintegração corporal. Seren e Tilio (2014) acreditam que, para o resultado positivo da reabilitação, é possível planejar uma nova vida diante da elaboração do luto, da aceitação de mudanças e das adaptações às novas limitações. O processo de reabilitação não se limita apenas ao que o serviço disponibiliza, sendo necessário considerar todos os espaços que o acidentado está inserido, visando, de uma forma geral, às possibilidades de retomar suas atividades que, em outros momentos, eram comuns no seu dia a dia. Por fim, o profissional da área de Psicologia que atua nos processos de reabilitação pode auxiliar os pacientes a resgatar e reconhecer sua historicidade, o novo corpo, suas marcas e significados atribuídos sobre ele antes, durante e/ou após a amputação. A reabilitação abrange processos terapêuticos não apenas de uma área específica, mas um trabalho multiprofissional e interdisciplinar, composto por processos que atendem pessoas com algum tipo de deficiência ou limitações, promovendo a funcionalidade e a independência.

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