CATETER VENOSO CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM NEONATOS: COMPLICAÇÕES E CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Paola Scotta Ludtke, Maite Souza Magdalena, Ingre Paz

Resumo


O cateter central de inserção periférica (PICC) é um dispositivo longo e flexível, inserido em uma veia periférica por meio de uma agulha introdutora, progredindo até a veia cava superior ou inferior, adquirindo, assim, característica de um acesso venoso central. Essa técnica é considerada menos invasiva quando comparada aos demais acessos centrais, podendo-se preservar o acesso por um longo período, sem aumentar o risco de infecção. Os enfermeiros, assim como os médicos, podem realizar inserção de PICC, desde que qualificados e/ou capacitados, conforme resolução do COFEN nº 258/2001. Os cuidados no manuseio e manutenção do cateter, no entanto, cabem à equipe de enfermagem. Assim sendo, objetivou-se identificar as complicações mais frequentes associadas ao uso de PICC em neonatos, trazendo os cuidados de enfermagem que podem prevenir essas situações. Estudo descritivo, quantitativo e qualitativo, realizado através de uma revisão de literatura, na qual se procedeu a uma busca na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando-se os seguintes descritores: “Cateterismo Venoso Central”, “Recém-Nascido” e “Cuidados de Enfermagem”. Foram selecionados os artigos disponíveis de 2012 a 2016, num total de 16. Os resultados apontam que as complicações mais descritas são obstrução, ruptura e infecção. Um estudo transversal realizado em um hospital privado de grande porte de São Paulo avaliou 67 neonatos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), mostrando que a prevalência de remoção não eletiva do cateter foi de 39,3%, sendo o principal motivo obstrução (13,1%), seguido por ruptura (9,5%), edema (7,1%) e suspeita de infecção (6,0%). Pesquisa de coorte realizada em uma UTIN de um hospital privado de São Paulo/SP traz dados sobre 270 instalações de PICC, destas a maior complicação observada nos cateteres duplolúmen de poliuretano foi a suspeita de infecção (taxa de incidência de 13,3/1000 cateter-dia), uma das hipóteses é que o maior número de lúmens pode representar uma porta de entrada adicional para infecção; já entre os cateteres monolúmen de silicone a maior prevalência foi de ruptura e obstrução (TI de 10,4 e 9,4/1000 cateter-dia, respectivamente), a alta taxa de rompimento neste grupo pode se dar pela característica mais flexível do cateter. Com relação à infecção, faz-se necessária a criação de protocolos, preconizando a prática de higiene das mãos, precaução de barreira máxima na inserção, antissepsia com clorexidine, seleção adequada do local de inserção, revisão diária da necessidade de permanência e troca do curativo estéril semanalmente ou sempre que necessário. O rompimento do cateter pode se dar pela utilização de seringas incorretas na administração de medicamentos e nas tentativas de desobstrução do cateter. Para que isso não ocorra é recomendado o uso seringas de 10 cc e de 20 cc, que exercem menor pressão sobre o cateter. Um estudo transversal realizado em cinco UTIN públicas de Recife/PE apontou o desconhecimento de alguns enfermeiros sobre o uso das seringas para administração de medicamentos, chegando a 66,7% de erros em uma das unidades pesquisadas. Com este estudo, conclui-se que grande parte das complicações relacionadas ao uso do PICC podem ser prevenidas. Portanto, cabe ao enfermeiro a criação e implementação de protocolos e a educação continuada da equipe, visando a adequada inserção, manuseio e manutenção do acesso.

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