A educação superior em saúde, em alguns momentos de sua história recente, tem sido desafiada à construção de conhecimentos em que o princípio acadêmico possa utilizar uma abordagem relacional de conteúdo, em que as atividades de formação se realizem no e pelo pensamento em atividades práticas. Este estudo é parte dessa proposta e se refere à formação em saúde de egressos do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (PRÓ-SAÚDE) e a construção de competências profissionais para o SUS. O objetivo é avaliar, através das experiências dos participantes do PRÓ-SAÚDE, em que medida ele ajudou a construir individual e coletivamente as competências necessárias para a realização do seu trabalho, no contexto dos serviços de saúde em que se encontram. Como método utilizou-se o estudo transversal prospectivo. Farão parte do estudo os egressos dos cursos da saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul que participaram dos projetos PRÓ-SAÚDE/PET Saúde, de 2010 a 2015. O estudo terá uma abordagem quali-quantitativa, construída a partir de dados produzidos através de um instrumento enviado on-line, por meio do Lime Survey. Será elaborado um roteiro com questões abertas e fechadas, contendo caracterização dos participantes, aspectos sobre o perfil de competências profissionais para o SUS, a trajetória acadêmica, as percepções e experiências em relação ao processo formativo do trabalho em saúde e o cotidiano do serviço. O instrumento de coleta será emitido com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Junto ao termo foi elaborado um “texto convite” para um grupo oculto formado na Rede Social Facebook, denominado “FUI BOLSISTA PRÓPET SAÚDE NA UNISC E AGORA ONDE ESTOU?”. Os dados quantitativos serão analisados pelo sistema SPSS e os dados qualitativos serão organizados e submetidos à análise temática, em que coleta e análise não são atividades excludentes, mas simultâneas e de complexidade crescente. Ao desvelar tais questões, espera-se contribuir com o processo de formação ensino/serviço/comunidade a partir de uma ação educativa, que tome por base o conhecimento do contexto e tomada de decisões/atitudes acerca dos processos saúde/doença tanto por parte dos profissionais como da educação superior a fim de transformar, se necessário, os mundos do trabalho e da Universidade. Espera-se também que a triangulação ensino, pesquisa e extensão, mais do que um perfil profissional, aponte também para competências, habilidades e comportamentos éticos que possam dar conta de boa parte dos problemas de saúde da comunidade, nos níveis de atenção primária, secundária e em primeiro atendimento de urgências e emergências de saúde. A hipótese formulada é que, dessa forma, seja possível e provável que as práticas de saúde se caracterizem por conteúdos críticos e transformadores, rompendo, com paradigmas centrados na doença. É importante destacar a contribuição do PRÓ-SAÚDE e de todos os demais projetos de formação e pesquisas a ele vinculados, cujo escopo central é o de formação/ensino/serviço/comunidade. Discutir a formação de competências, na perspectiva da formação para o trabalho, junto ao SUS, significa em grande medida formar para a cidadania, considerando um perfil acadêmico e profissional para o conjunto da área da saúde que possa desenvolver as capacidades de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser, quatro pilares da educação para o século XXI.