PROTOCOLO DE HIGIENE DO SONO NO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Ricardo Bastos, Wlliam Rutzen, Jéssica da Silva, Mari Ângela Gaedke

Resumo


A higiene do sono é o conjunto de cuidados que visa maximizar o efeito do momento do sono, em que se realiza o desligamento transitório do ambiente, além de outras medidas de intervenções que podem ser minimizadas para que esse momento se torne eficaz. No Centro de Terapia Intensiva, o sono tende a ser mais fragmentado, pois os pacientes necessitam de monitorização contínua, recebem assistência constante de toda equipe que realiza procedimentos durante um extenso período de tempo, gerando estímulos frequentes ao despertar e tendo a privação do sono por ruídos, luminosidade, atividade de cuidado ao paciente, doenças preexistentes, ventilação mecânica, dor e efeitos medicamentosos. Objetiva-se, então, relatar a experiência de uma acadêmica de enfermagem ao realizar um plano de intervenção assistencial durante estágio curricular em um Centro de Terapia Intensiva com o objetivo de promover a melhora da qualidade do sono aos pacientes e minimizar intervenções de enfermagem durante a higiene do sono. Trata-se de um relato de experiência no desenvolvimento e implementação do protocolo de higiene do sono durante o estágio Supervisionado em Enfermagem II do Curso de Enfermagem da Universidade de Santa Cruz do Sul. Primeiramente, foi realizada uma revisão bibliográfica para fundamentação teórica, que teve início em Maio de 2017. Após, foi elaborado um instrumento com todos os itens encontrados na literatura como intervenções passíveis de serem realizadas pela equipe médica e de enfermagem e que têm impacto na qualidade do sono no CTI. Foi determinado o horário das 23 horas às 05 horas da manhã para implementação do protocolo em todos os dias da semana. Os itens que constaram no protocolo foram desde redução de ruídos, luminosidade, modificação de parâmetros de ventilação mecânicas e administração de medicações indutoras do sono ao invés de supressoras, as quais podem causar interferências no momento do sono. Após um mês da implementação, foi aplicado à equipe de enfermagem noturna um instrumento de avaliação do protocolo quanto a sua aplicabilidade e aceitabilidade. Com a implementação do protocolo, estabeleceu-se vínculo com toda a equipe ao fornecer um melhor padrão do sono aos pacientes. Surgiram momentos em que houve interferências, muitas vezes causadas por intercorrências no meio da noite, como internações e instabilidade clínica de pacientes, o que impediu a completa execução do protocolo. Em alguns casos, não houve administração de medicações indutoras do sono em pacientes com dificuldade para dormir, então, foi administrado morfina que, conforme protocolo, causa delirium, mas como cada indivíduo possui uma fisiologia diferente, nestes casos a morfina ou outros analgésicos podem tranquilizá-los e promover o sono para seu descanso. Conforme avaliação aplicada, a equipe julga sempre importante a redução de ruídos e luzes, avaliação médica dos padrões ventilatórios e sedativos administrados para não causar interferências do sono. Assim, foi possível observar que as atividades que constam no protocolo são importantes para a rotina de cuidados com os pacientes e que oferecem uma melhor qualidade do sono, mas que, por vezes, pode atrapalhar um pouco a rotina diária da equipe em relação às suas atividades assistenciais. Ressalta-se também que este tipo de intervenção além de ter qualificado a assistência, demonstra a preocupação com a humanização do cuidado, primando por uma assistência cada vez menos mecanicista.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.