Lançado pela primeira vez em 1997, na Inglaterra, a história do menino Harry Potter, escrita por J. K. Rowling, é um dos grandes fenômenos literários da contemporaneidade. Não apenas porque em 20 anos de história foi traduzida para 79 idiomas em 200 países e vendeu um total de 450 milhões de cópias, mas também porque levou milhares de crianças e adolescentes a se tornarem jovens leitores, um dos maiores desafios do mundo contemporâneo. Isso por si só já justifica o presente estudo, afinal é importante compreender esse tipo de fenômeno. E é justamente o que se pretendia com a realização da presente pesquisa, que no segundo semestre de 2016 deu origem a uma monografia de conclusão de curso. Nela buscamos compreender quais arquétipos eram encontrados dentro da narrativa de Harry Potter e quais os sentidos que emergiam deles, para a partir disso buscar compreender também qual o papel dos arquétipos nas narrativas e na literatura fantástica, gênero ao qual se enquadra a história do menino bruxo. Além do papel importante que Harry Potter tem para a literatura e para seus leitores, a presente pesquisa se justifica também pelo pouco estudo existente a respeito de arquétipos e a importância de se compreender como esses arquétipos estão presentes nas formas de expressão humana. Podemos citar também a importância de se estudar as narrativas, ou seja, as histórias que o homem conta, porque entendê-las é entender o próprio homem e suas formas de expressão. Para chegarmos a essa compreensão, iniciamos com uma revisão bibliográfica a respeito das narrativas e da literatura fantástica e passamos para um estudo dos arquétipos, buscando trazer as principais contribuições para a formulação do conceito de arquétipos existente hoje, utilizando especialmente a teoria formulada por C. G. Jung. Por fim, fazendo um estudo de caso, construímos uma tabela capítulo a capítulo do primeiro volume da série – Harry Potter e a Pedra Filosofal – onde foram inseridos excertos que contivessem elementos arquetípicos relacionados a algum dos três personagens principais, ou seja, Harry Potter, Ronald Weasley e Hermione Granger. Com isso, pode-se dizer que não apenas foi comprovada a existência de arquétipos na narrativa, como já supúnhamos, mas identificamos diversos arquétipos relacionados a cada um dos três personagens. Destacam-se, porém, os arquétipos do Sábio (Hermione), do Amigo (Rony) e do Herói (Harry). Identificamos também que esses arquétipos aproximam o leitor da história, e que, tendo em vista que os arquétipos se constroem a partir da incessante vivência, a história de Harry Potter ajuda os leitores a fazerem novas apropriações do termo. Consequentemente essas apropriações podem ter influência, inclusive, nas próximas gerações de escritores.