DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE AUTISMO E PSICOSE: CONSIDERAÇÕES PSICANALÍTICAS

Natália Sulzbach, Edna Linhares Garcia

Resumo


O trabalho apresenta um entendimento a respeito do diagnóstico diferencial de autismo e psicose, tendo em vista os conceitos dos quais a psicanálise se utiliza para interpretar a dinâmica psíquica e construir o diagnóstico. A partir disso, é apresentado um caso clínico, no qual se percebem elementos que podem remeter aos dois diagnósticos, situação clinica que nos convoca a refletir e problematizar os diagnósticos de autismo e de psicose. Dá-se evidência as limitações e dificuldades encontradas ao longo do percurso clinico, bem como os cuidados necessários ao se realizar um diagnóstico e como conduzir a psicoterapia enquanto isto ainda é algo em construção. O objetivo do trabalho é levantar algumas questões a respeito do diagnóstico diferencial entre autismo e psicose na perspectiva da psicanálise. A metodologia do trabalho se baseia na escuta psicanalítica, que considera a relação do indivíduo com o mundo mediado por uma realidade psíquica, sobre a qual não se tem o completo conhecimento, bem como o entendimento a respeito do diagnóstico nessa teoria. Para a psicanálise, o diagnóstico se dá a partir da relação de transferência do paciente para com o terapeuta. Nesse sentido, sintomas, sinais ou acontecimentos específicos não são tomados como verdades ou determinantes de algum comportamento ou transtorno. Não se trabalha sob uma ótica de causa e efeito, ou seja, determinado acontecimento não necessariamente cause uma específica consequência. O Autismo e a Psicose se situam de maneira próxima no âmbito das psicopatologias, de forma que a manifestação de ambos nem sempre aparece de maneira precisa e clara que permita uma distinção imediata. Ressalta-se alguns aspectos importantes que ajudam no entendimento do caso e que exigem um maior cuidado ao se pretender um ou outro diagnóstico, privilegiando uma escuta do sujeito na sua diversidade, e não de forma fragmentada, restrita a sinais e sintomas.  Conclui-se que a decisão de um diagnóstico é um processo que deve levar em consideração não somente os sintomas do sujeito, mas também o discurso através do qual ele os apresenta. Dessa forma, antes de buscar concluir entre o autismo ou a psicose, e independente de qual seja o diagnóstico mais apropriado, deve-se ouvir e compreender o que discurso do sujeito traz e fazer intervenções para que aos poucos se introduza um significado para aquilo que está em conflito. Assim, o sujeito, aos poucos, desenvolve autonomia para entender os seus sentimentos, o que acarreta a possibilidade de construir seus desejos e desenvolver a demanda que traz à clínica. 


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