NÁUFRAGOS: UM RESGATE DO GÊNERO TEXTUAL CARTA

Jordana Dambroski Hopp, Júlia Rodrigues Valente, Kadine Saraiva de Carvalho, Priscila Soares de Freitas, Cristiane Dall Cortivo Lebler, Ângela Cogo Fronckowiak

Resumo


O presente trabalho relata a atividade que vem sendo desenvolvida por bolsistas do Subprojeto Letras-Português do PIBID - Programa Institucional Brasileiro de Iniciação à Docência, que proporciona aos acadêmicos das licenciaturas experiências dentro do contexto escolar. Trata-se de um trabalho conjunto que visa a estimular o compartilhamento de vivências e o gosto pela escrita, integrando os dois universos escolares. O projeto desenvolvido pelas bolsistas, denominado “Náufragos”, envolve duas escolas da cidade de Santa Cruz do Sul e consiste em fazer um resgate do envio de cartas, por meio do qual os estudantes trocam correspondências. Essa atividade busca propiciar o convívio com o gênero carta, sua estrutura e sua linguagem, baseando-se nos estudos de Luiz Antônio Marcuschi (2002), o qual afirma que “os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social”, contribuindo para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. O gênero carta é desconhecido pela maioria dos jovens pelo fato de os novos gêneros, como o e-mail, proporcionarem uma comunicação mais imediata e, portanto, serem potencialmente mais usados na atualidade. A internet estabeleceu novas formas de comunicação e de utilização da linguagem através do surgimento de novos gêneros. Com o avanço da tecnologia a carta passou por uma sequência de adaptações, uma das mais significantes foi na forma de transmissão, que não ocorre atualmente somente no papel, mas também em meio eletrônico. A linguística acompanha as novas maneiras de produção e adaptação da linguagem justamente pela questão dos gêneros, mostrando como ocorre sua constituição e organização (KOCH, 2003). Por ter uma função sócio-comunicativa, a carta exige uma escrita clara e compreensível, para que o leitor entenda o que está sendo comunicado e consiga responder ao seu interlocutor, visto que a interação remetente-destinatário é feita apenas por meio do texto. Sendo assim, a reescrita torna-se muito importante, pois, depois da correção das pibidianas (que inclui a releitura oral do que escreveram), os alunos dão atenção para seus erros, evitando a sua repetição e deixando a linguagem coerente para a posterior compreensão do leitor. A atividade foi desenvolvida por duas pibidianas em cada escola. As duplas introduziram o gênero textual carta para as respectivas turmas das escolas em que atuam, chamando a atenção para elementos específicos do gênero, para que, assim, os alunos de uma escola escrevessem uma carta de apresentação para alunos da outra escola, os quais eles não conheciam.  Em seguida, os estudantes da segunda escola receberam as cartas e responderam-nas. A correspondência entre eles vem acontecendo lentamente, o que é característico do gênero. Durante as reuniões semanais do PIBID Português - Unisc, as duplas de bolsistas se encontram para organizarem a troca de cartas e discutirem sobre as observações pertinentes. O projeto ainda está em desenvolvimento, mas acreditamos que os alunos terão uma melhora na produção textual, no entusiasmo pela escrita e na percepção dos gêneros textuais na sociedade. Essa experiência tem proporcionado para as bolsistas um aprofundamento do trabalho com a linguagem numa dimensão sócio-interativa, fazendo com que sua atuação como discentes seja mais significativa. Além disso, os diferentes contextos sociais ficaram nítidos durante a realização trabalho, causando reação de surpresa entre remetente e destinatário. 


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