ANÁLISE COMUNITÁRIA: VIVÊNCIAS COM A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Dionize Vanessa Conrad, Isabela Cristina Lemos, Ana Luisa Teixeira de Menezes

Resumo


O presente trabalho de análise comunitária constitui-se enquanto atividade integrante da prática do Estágio curricular do curso de Psicologia e foi desenvolvido no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPSIA), serviço de atenção diária destinada ao atendimento de crianças e adolescentes de até 18 anos de idade com transtornos psíquicos graves e persistentes, localizado no município de Santa Cruz do Sul. O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise/intervenção juntamente com a equipe multiprofissional do CAPSIA, tendo como foco a atenção à saúde mental dos trabalhadores. Para isso, adotou-se como referencial teórico os pressupostos da psicologia comunitária, a qual compreende o indivíduo como ativo e responsável na construção da sua realidade, bem como pleno de potencial transformador e desenvolvimento pessoal e social. Dessa forma, a construção da análise comunitária baseou-se no método da vivência, o qual propõe a construção conjunta com os sujeitos da análise, desenvolvendo-se assim em diferentes espaços, através das vivências grupais, em três momentos previamente combinados, e também durante as reuniões de equipe e conversas cotidianas e individuais em que esta temática emergiu. Para tanto, buscou-se propiciar à equipe espaços de escuta e reflexão com relação à sua saúde mental e autocuidado, assim como (re)pensar as práticas de trabalho, considerando esses dispositivos como de extrema importância para que o trabalho em saúde mental com crianças e adolescentes não se torne apenas fonte de sofrimento. Nesse sentido, realizar o trabalho de intervenção em análise comunitária com uma equipe de trabalhadores que vivenciam cotidianamente o sofrimento psíquico de crianças e adolescentes, nos fez pensar o quanto muitas vezes os profissionais inseridos nesse contexto de trabalho precisam lidar diariamente com diferentes demandas e situações, estando assim expostos a situações carregadas de cargas emocionais intensas e que podem contribuir para os diversos tipos de sofrimento e adoecimento psíquico. A partir dessa análise, pode-se perceber o quanto a sobrecarga emocional dos profissionais os torna fragilizados e propensos ao adoecimento no cotidiano e nas relações de trabalho. Assim, uma das grandes questões que emergiram durante as vivências com a equipe foi a importância das relações entre os profissionais e o coleguismo como recurso e forma de apoio em situações, casos e momentos mais complicados e complexos. Por fim, este trabalho teve como objetivo principal fazer emergir a atenção e a importância de espaços direcionados ao autocuidado e saúde mental dos trabalhadores, bem como provocar reflexões e sentimentos acerca de seus próprios processos de saúde e adoecimento, constituindo-se assim como ferramentas potentes e transformadoras para repensar novos modos, práticas e relações de trabalho.


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