EDUCAÇÃO E EUGENIA NO BRASIL: OS “BOLETINS DE EUGENIA” DE RENATO KEHL (1929 – 1933)

Gabriela Schwengber, Paula Nicolay, Mozart Linhares da Silva

Resumo


O presente trabalho tem como objetivo problematizar questões acerca das relações entre educação e eugenia no Brasil na primeira metade do século XX. Essas discussões surgiram ao longo dos encontros do Subprojeto de História do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) – UNISC (Universidade de Santa Cruz do Sul), que possui como temática central as relações raciais, racismo no Brasil e educação. Entende-se por eugenia a ciência destinada ao “melhoramento da raça”, que visa o homem ideal - intelectual e fisicamente. Esta surgiu na segunda metade do século XIX e se fundamentou com as teses do britânico Francis Galton (1882-1911), cuja influência advinha da obra de Charles Darwin, A Origem das Espécies (1859), apontada por especialistas no tema. A eugenia é comumente dividida em duas correntes, uma chamada negativa, baseada em políticas intervencionistas como esterilização e eliminação dos indesejáveis; e a positiva, geralmente conduzida por políticas educacionais e intervenções preventivas. No caso brasileiro, em que pese a defesa de políticas radicais, a eugenia seguiu a vertente positiva, tendo na educação o principal esteio de divulgação e implementação. Podemos observar isso com a inclusão da disciplina de Educação Física no currículo educacional básico, como um projeto de melhoramento progressivo do corpo da população, bem como pela circulação de periódicos como o Boletim de Eugenia, editado por Renato Kehl, o mais entusiasta da eugenia nacional, entre 1929 e 1933, quando diretor do Instituto Brasileiro de Eugenia. Junto com Monteiro Lobato apostavam em uma “Educação Eugênica”, através de divulgações pedagógica, com manuais escolares e também através da literatura infantil para que ocorresse a popularização da eugenia, que era indispensável para o avanço desta. No Brasil, a miscigenação, acusada pelos racialistas europeus e mesmo brasileiros de ser uma forma de degeneração racial da população, fora, a partir dos anos 1910, considerada a “solução” eugênica brasileira, pois passou a ser entendida como meio de embranquecimento da nação, o que resolveria, segundo o Diretor do Museu Nacional, Batista de Lacerda, o “problema do negro na composição social” (LACERDA). Esse projeto de branqueamento, ou eliminação do negro, da população está na matrix da chamada “ideologia” ou “mito” da democracia racial, discurso oficializado durante a era Vargas (1930-1945), que enfatizava a inexistência do conflito entre as raças e exaltava a importância da miscigenação na composição da identidade nacional. Enquanto metodologia fez-se uma análise dos discursos dos “Boletins de Eugenia” de Renato Kehl entre os anos de 1929 a 1933.


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