QUALIDADE DA ÁGUA EM UMA COMUNIDADE RURAL

João Guilherme Soares Simon, Katia Gessi Nicolini, Daniel Luis Limberger, Raphael Santos Paschoal, Débora Chapon Galli

Resumo


Nas áreas rurais, as residências são mais dispersas e a água para o uso doméstico é obtida normalmente por soluções alternativas de abastecimento, como pelo aproveitamento de nascentes. Estas são afloramentos de aquíferos subterrâneos na superfície do terreno e desempenham um papel essencial no fornecimento de água às comunidades rurais. No entanto, muitas vezes apresentam contaminação física, química e/ou biológica, pois em uma expressiva parte das situações elas não se encontram devidamente protegidas e estão próximas a lavouras e campos com criação de animais. Este estudo teve por objetivo avaliar as condições de potabilidade da água de nascente consumida por 100 famílias em uma comunidade rural do Vale do Rio Pardo e realizar o projeto de um sistema de tratamento para ela. Foram feitas visitas à localidade e à nascente, registros fotográficos, aplicação de questionário e entrevistas com representantes da associação responsável pela água da comunidade. Realizaram-se coletas de amostras de água do ladrão da nascente e da torneira de uma residência para análises de condutividade elétrica, pH e turbidez, bem como do ladrão para análise microbiológica. A nascente encontra-se devidamente cercada por árvores para proteção, assim como por arame de 5 fios farpados, evitando a entrada de animais de grande porte. As avaliações dos parâmetros condutividade elétrica, pH e turbidez foram realizadas em triplicata obtendo-se para a água coletada no ladrão da nascente as médias de 41,93 µs, 7,3 e 0 NTU e para água coletada da torneira 40,7 µs, 7,2 e 0 NTU, respectivamente. A amostra coletada do ladrão apresentou ausência de coliformes termotolerantes em 100 ml, estando conforme nesse parâmetro, contudo revelou 1,1 NMP (número mais provável) de coliformes totais, encontrando-se em desacordo ao preconizado pela legislação e imprópria para consumo. Brasil estabelece que, no controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com resultado positivo para coliformes totais, ações corretivas devem ser adotadas. A partir dos resultados indica-se a instalação de um sistema de cloração. Para obtenção de uma concentração de cloro de 2 mg/L deverão ser utilizados 26 ml/h de solução de hipoclorito de sódio com concentração de 10%, para cada 1300 litros de água, que é a vazão máxima consumida pela comunidade a cada hora. Para atender a sua demanda diária (acima de 1000 L água/dia), recomenda-se a utilização de uma bomba dosadora a ser instalada antes do reservatório principal de distribuição. Após uma pesquisa de mercado, relacionando custo e benefício de diversas bombas dosadoras que cumprem a vazão requisitada, foi selecionada a bomba EX00504 da marca Exatta, custando aproximadamente R$ 800,00, para cumprir a tarefa de dosar a quantidade de cloro com a precisão necessária. Salienta-se que a falta de informação é o que mais dificulta a tentativa de propor mudanças ao meio rural, pois, muitas vezes, o comodismo e o costume atrapalham a aceitação de novas ideias. Considera-se que a cloração é o método de desinfecção de água mais comumente utilizado, por ser simples, econômico, de fácil disponibilidade e comprovada eficiência na redução de contaminantes. Seu emprego, na água da comunidade em estudo, revela-se de fundamental importância, principalmente por abranger um número elevado de pessoas. Sugerem-se ações de educação sanitária a fim de que a solução proposta seja implementada e mantida no intuito de prevenir doenças aos usuários.


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