A Teoria Queer pode ser definida enquanto pensamento questionador da ordem vigente de uma heteronormatividade compulsória, que visa refletir sobre novas formas de estar (e ser) na sociedade. A presente pesquisa objetiva então, uma reflexão a partir desta teoria sobre as produções de saberes e práticas da psicologia, de modo a compreender a apropriação da mesma nos estudos produzidos na área. Partindo da necessidade e urgência de refletir sobre a produção de conhecimentos queer, desconstrói-se um sujeito universal para repensar sujeitos e subjetividades. A partir dos estudos pós-estruturalistas, torna-se possível a compreensão da sexualidade e do gênero para além do discurso biológico e essencialista, perpassando a lógica binária para pensar novas concepções de sujeito – àqueles que fogem dos padrões normativos. Sendo assim, o desafio não está em assumir múltiplas posições, mas, sim, o constante atravessamento de fronteiras. A Teoria Queer carrega estranheza do termo utilizado como pejorativo, sendo forma de oposição à política heteronormativa. O termo não intenta ser uma letra a mais em siglas, mas questionar as normas, conceitos clássicos de sujeito, identidade, gênero e sexualidade. As definições passam a conceder aos sujeitos determinados lugares, os quais assumem em conjunto com as referências e expectativas comportamentos. Para abalar os processos binários, a solução seria a desconstrução dos pares. A partir da Teoria Queer é possível pensar o multi, a fluidez. Dentro da psicologia, faz-se relevante o estudo, pois é uma área que produz suas verdades e saberes, sendo que se deve atentar para os discursos binários e heterossexistas como forma padrão normatizante dos sujeitos. Para essa investigação, a abordagem utilizada será qualitativa, realizada a partir da análise de documentos, nos anais da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) de 2017. A partir da sistematização dos Grupos de Trabalhos (GTs) que compõem o evento, buscou-se os trabalhos acadêmicos que apresentavam termos relevantes para o estudo, a saber: gênero, sexualidade(s), queer e os termos que compõem a sigla lgbtqi+. Após, serão feitos fichamentos e análise dos resumos. A presente pesquisa está em andamento, entretanto, pode-se perceber, nas produções analisadas nos anais, a existência de dois paradigmas para compreender gênero e sexualidade humana, estando a perspectiva biológica e essencialista de um lado e, por outro, trabalhos pautados pelos estudos pós-estruturalistas que buscam fugir das normas vigentes.