AVALIAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS POTENCIALMENTE INAPROPRIADOS PARA IDOSOS QUE INTERNARAM EM UM HOSPITAL DO SUL DO BRASIL

Silvana Silveira Soares, Ana Paula Helfer Schneider

Resumo


Medicamentos potencialmente inapropriados para idosos (MPI) são conceituados como medicamentos cujos riscos para ocorrência de eventos adversos à saúde podem ser superiores aos benefícios obtidos com sua utilização e já foram associados à redução da qualidade de vida, aumento de procura por atendimento e de gastos em cuidado de saúde e à maior mortalidade nesta faixa etária. Idosos hospitalizados, particularmente, são mais vulneráveis, possuindo assim mais chances de receber uma prescrição de MPI durante sua internação. Por isso, o uso de MPI é um importante problema relacionado ao atendimento em saúde da pessoa idosa, refletindo a eficácia, a segurança e a qualidade da prescrição medicamentosa para essa população. O objetivo é estimar a prevalência de prescrição de MPI para idosos internados em um hospital do sul do Brasil, bem como identificar possíveis associações entre esta prescrição e variáveis relativas à internação. Por meio de estudo transversal, observacional e descritivo, foram avaliados os prontuários de 300 idosos internados em Santa Cruz do Sul – Rio Grande do Sul, de janeiro a dezembro de 2017. A prevalência de MPI foi identificada conforme as definições dos Critérios de Beers de 2015. Foram verificadas possíveis relações entre a prescrição de MPI e as variáveis idade, sexo, estado civil, tipo de convênio de saúde, CID-10 e ala de internação, tempo de hospitalização, desfecho da internação e polifarmácia através de teste Qui-Quadrado. Percebeu-se elevada parcela da população recebeu de um a cinco MPI em sua internação (69,3%), embora essa prevalência seja ainda maior quando se inclui prescrições receitadas e que não foram administradas a esses pacientes (95%). MPI que atuam sobre o trato digestivo foram os mais prescritos, seguidos por agentes sobre o sistema nervoso central, sobre o sistema cardiovascular e musculoesquelético, respectivamente. Houve associação significativa entre a prescrição de MPI e tempo de internação (p=0,039), desfecho de internação (p=0,048), CID-10 de internação (p=0,017) e presença de polifarmácia (p=0,001). A partir dos resultados obtidos, é possível observar elevada prevalência de prescrição de MPI para a população analisada, refletindo um perfil atual de farmacoterapia potencialmente nocivo ao paciente idoso. É importante ressaltar a importância da identificação de prescrições MPI de no ambiente hospitalar de modo a se racionalizar sua utilização conforme o estado clínico e as necessidades do paciente, promovendo assim uma farmacoterapia que seja mais segura e eficaz para o tratamento do paciente idoso internado.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.