INVESTIGAÇÃO DA TEORIA DO RITMO DE VIDA (PACE OF LIFE HYPOTHESIS) EM CÃES: PARÂMETROS IMUNOLÓGICOS E COMPORTAMENTAIS

Andréia Köche, Francine Camara Kaercher, Alexandre Rieger

Resumo


Inspirada na teoria clássica da seleção r e K, a hipótese do ritmo de vida prediz que diversos traços da história da vida estão associados e podem classificar os indivíduos como "rápidos" ou "lentos". Como traço marcante, pode-se incluir aspectos imunológicos, em que os tipos "rápidos" não investem em mecanismos de defesa mais avançados porque provavelmente não se beneficiarão desse investimento, dada a sua curta expectativa de longevidade. Em contrapartida, os tipos "lentos" devem investir na defesa imunológica, porque esse investimento contribuiria para o longo período de vida necessário para que esse estilo de vida seja lucrativo. O cão doméstico sofreu ampla seleção artificial ao longo de muitos anos, resultando em extrema diversidade em tamanho corporal, personalidade, história de vida e traços metabólicos entre as raças. A domesticação gerou variações nos traços de personalidade que estão correlacionados com suas histórias de vida e metabolismo. Diante do exposto, este trabalho busca investigar evidências da hipótese do ritmo de vida em cães domésticos, analisando de forma conjunta parâmetros imunológicos e comportamentais. Foram avaliados 47 cães aparentemente sadios, 44,7% fêmeas e 55,3% machos, de diferentes portes e idades (média de idade 6 ± 4,5), vacinados e não vacinados, castrados e não castrados, conforme disponibilidade do Canil Municipal de Santa Cruz do Sul. Foram coletados 5mL de sangue através de veni-punção femoral, com seringas descartáveis de 5 mL e agulhas hipodérmicas 25x7mm, após antissepsia local, e armazenadas em tubos contendo EDTA. O exame hematológico foi realizado através do analisador hematológico automatizado Sysmex XS-800i™. Os testes de temperamento foram realizados no canil, sem restrição, observando aspectos de temperamento e bem-estar; e na área de teste, sem restrição, observando aspectos de agressividade e sociabilidade. Todos os testes foram filmados para posterior análise através de codificação de etograma canino. Os resultados dos testes de temperamento foram submetidos a estatística multivariada, utilizando-se a análise de componentes principais (PCA). Os grupos gerados foram comparados por análise estatística univariada utilizando-se os testes de Qui-quadrado e Kruskall-Wallis. O nível de significância adotado foi de 0,05%. As análises estatísticas foram realizadas com o aplicativo PAST, versão 3.20. Realizou-se uma PCA com 22 variáveis, que evidenciou 4 componentes principais (CP). Para compor os resultados deste estudo, analisou-se apenas os componentes principais 1 e 2. O componente principal 1 (PC1) representa 31.3% da variância e o componente principal 2 (PC2) representa 17.6% da variância, sendo possível explicar 48.9% da variância total dos dados. Com base nas informações de PC1 e PC2, podemos classificar o grupo de cães do Quadrante1 como sociáveis/ativos, Quadrante2 como tímidos/curiosos, Quadrante3 como tímidos/medrosos e Quadrante4 como um grupo em que os cães apresentam comportamentos indicativos de atividade e curiosidade. Para testar se idade, sexo e estado de saúde podem influenciar a distribuição dos quadrantes, realizou-se uma comparação da distribuição desses parâmetros nos diferentes grupos formados pela PCA. Não houve diferença significativa entre os 4 grupos, considerando sexo e idade, bem como o estado de saúde dos animais, que foram classificados como hígido e não hígido, a partir apenas dos resultados dos hemogramas desses animais.


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