CONHECENDO A DIVISÃO DO TRABALHO DE ACORDO COM O GÊNERO EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA

Sabrina Prado Machado, Marcus Vinicius Castro Witczak

Resumo


O trabalho é um dos pontos fundamentais no desenvolvimento das relações sociais e de equilíbrio psíquico dos indivíduos. Atuando como um fator principal na construção da identidade, ele vai além das atividades remuneradas. É sabido também, a divisão deste por gênero, classe, orientação sexual e etnia, o que interfere diretamente na produtividade e na remuneração salarial. Essa separação de atividades também podem estar presentes dentro de comunidades ou grupos específicos, em que a territorialidade, o parentesco, o pertencimento e a memória constituem a identidade cultural. De acordo com estudos de Hirata e Kergoat (2007), mulheres no mercado de trabalho recebem um salário inferior ao dos homens, impossibilitadas, muitas vezes de crescerem dentro dos seus locais de trabalho. Desempenhando duplas jornadas, ao se dedicarem às atividades remuneradas e às domésticas e familiares, não recebendo a devida importância. A falta de reconhecimento deste trabalho, quando comparado ao profissional também pode ser gerador de sofrimento. Essas relações vêm se moldando socialmente ao longo do tempo. Conforme dados históricos e estudando sobre a especificidade de descendentes de escravos, que formaram os chamados quilombos, é possível perceber que já na época da escravidão no Brasil havia uma desigualdade entre os próprios escravos, homens e mulheres. Realizar esta pesquisa faz-se necessário, dada a falta de estudos que una os assuntos supracitados. Se inova no momento em que se fala sobre as relações de trabalho, de acordo com sexo, dentro de uma comunidade quilombola. Poucos materiais que contemplassem o assunto foram encontrados. Obviamente os escritos localizados são de grande valia e informação. O objetivo deste é pesquisar esta divisão em uma comunidade quilombola de um município do interior do Rio Grande do Sul. Estudando como tem se configurado atualmente a divisão sexual das atividades e investigando se os fatores determinantes nesta se assemelham ou não ao restante da sociedade. A metodologia utilizada será baseada em pesquisa qualitativa, utilizando como método entrevistas semiestruturadas e diários de campo, baseando-se nos estudos culturais e de linguagem (SPINK, 2000), mais precisamente nos estudos teórico-metodológico da produção de sentidos a partir da análise das práticas discursivas. Optou-se por acompanhar alguns eventos e atividades da comunidade, com a finalidade de aproximação aos moradores, conhecer mais de sua história e explicar esta pesquisa. O próximo passo foi a construção de um questionário, pretendendo dar um direcionamento as entrevistas. Estas já sendo coletadas, nas próprias residências das entrevistadas ou em seus locais de trabalho, procurando compreender e observar suas atividades e rotinas. Os dados coletados então serão transcritos e analisados dentro da perspectiva acima exposta. Os resultados são preliminares uma vez que a coleta está em andamento. No entanto, é importante ressaltar o envolvimento e a participação da comunidade em contribuir com tal pesquisa. Suscitando nas participantes momentos de reflexão e oportunizando a visibilidade de seu trabalho. Este estudo faz-se de muita relevância, diante da importância que a temática ocupa na atualidade. Após finalizado, o mesmo será publicizado de forma completa.


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