SUBJETIVAÇÃO FEMININA NO CENÁRIO DO HOSPITAL COLÔNIA DE ITAPUÃ

Rafaela Limberger, Camilo Darsie

Resumo


Esta pesquisa é um produto dos estudos produzidos no trabalho de conclusão de curso de História, na Universidade de Santa Cruz do Sul, e tem por objetivo analisar o tratamento, especificamente, das pacientes mulheres do Hospital Colônia de Itapuã. Ainda, compreender como se constitui os sujeitos mulheres nessa instituição, através dos seus discursos, do espaço e das regras de convivência ao qual eram submetidas, visto que historicamente as mulheres são perpassadas por questões sociais e de poder, e que as questões de gênero, higienistas e de religiosidades atingiram diretamente as pacientes dessa instituição. Para isso, utilizar-se á das análises referentes ao filme A cidade (2012), e um website intitulado A Cidade Inventada, cuja navegação pode ser feita de forma interativa passando pela estrutura e organização do hospital, assim como de fontes complementares como fotografias, depoimentos dos pacientes e documentos.  O Hospital Colônia de Itapuã, foi inaugurado em 1940, em Viamão e foi o primeiro hospital no Rio Grande do Sul com internação compulsória para os pacientes com Hanseníase, doença antes chamada de Lepra. Essa instituição seguia sistematicamente um projeto da Era Vargas que previa a construção de pequenas cidades, incluindo determinado espaço para a moradia ou permanência de funcionários, outro para a administração do local e, por fim, o espaço dos doentes, espaço este que deveria ficar recluso dos demais. Os pacientes eram separados por gênero e se encontravam no mesmo espaço apenas nos locais de refeição, ainda assim, homens de um lado do refeitório e mulheres de outro.  Era permitido que os pacientes se casassem com a autorização do diretor da instituição. Sendo assim, o local possuía casas destinadas aos casais que optassem pelo matrimônio, porém, as crianças que nasciam no hospital colônia eram encaminhadas para uma instituição especial chamada de Amparo Santa Cruz, os chamados “Preventórios”, pois era proibida a permanência de crianças no hospital. Além disso, logo após o nascimento, o recém-nascido era afastado do convívio com os pais a fim de se evitar ao máximo de contato possível, até mesmo no período de amamentação da criança não era permitido. Os pacientes eram proibidos do convívio com a sociedade e, só a partir de 1950, com os avanços no tratamento da doença e com a diminuição dos casos, não era mais necessário o internamento compulsório. Contudo, as pessoas que ali haviam criado vínculos de pertencimento e afetividade com o espaço, acabaram, na sua maioria, continuando a morar no hospital. Atualmente, a instituição não recebe nenhum novo paciente e não disponibiliza alta aos que lá ainda residem.


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