OU ELES ESTÃO NO CRAS OU ESTÃO NO CREAS: (IN)COMUNICABILIDADE DAS REDES?

Estefani Kerolin Betti, Pamela Noronha da Silva, Marília Schwab Kessler, Cristiane Davina Redin Freitas

Resumo


Essa pesquisa buscou compreender como se organizam os serviços da Assistência Social, sejam eles os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), de um município do interior do Rio Grande do Sul, frente aos casos de violência doméstica. Uma vez que é de competência desses serviços trabalhar em prevenção, proteção, acolhimento e posterior assistência das vítimas, bem como de seus familiares e agressores, quando ocorre a violação de direitos. Nosso objetivo foi compreender de que maneira a Rede de Assistência Social está articulada e atuando frente aos casos de mulheres vítimas de violação de direitos em seu âmbito doméstico. A metodologia utilizada foi a qualitativa exploratória, composta de três entrevistas semiestruturadas em grupo com os psicólogos e assistentes sociais de cada local. Para analisar essas narrativas utilizamos como base a Análise de Conteúdo de Bardin (1977), método que representa um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que visam obter indicadores que permitam a indução de conhecimentos acerca da produção e recepção desses. Mediante aos altos índices de ocorrência de violência doméstica e os impactos que exercem socialmente, buscamos entender como estes profissionais agem e as articulações que realizam com seus possíveis desdobramentos. O que se percebeu no discorrer dessa pesquisa, retrata uma comunicação ineficiente entre os CRAS e o CREAS, devido ao grande fluxo de demandas nos locais, que inviabilizam o acompanhamento por psicólogos e assistentes sociais das vítimas de violência doméstica. Percebemos também certa resistência do centro de referência especializado de assistência social, que observamos pela dificuldade de realizar um trabalho conjunto nos casos atendidos nesses espaços. Outro dado importante, refere-se às diferentes percepções que os serviços têm acerca da temática e dessas usuárias. O CRAS, pelo fato de estar dentro do território, vincula-se melhor com as mulheres e, consecutivamente, tem uma melhor percepção acerca de sua realidade. O CREAS por estar mais distante territorialmente, percebe a situação de outra maneira, fato que dificulta os atendimentos conforme referem os profissionais. Ainda, segundo a percepção de alguns entrevistados, essa dificuldade na comunicação advém da alta demanda de atendimento, que impossibilita horários para a realização de reuniões ou encontros entre os serviços. Além disso, no discorrer deste trabalho suscitaram reflexões aos entrevistados, sobre a atuação de cada profissional no campo da assistência social, legislação vigente, bem como, a gestão que compõem o município pesquisado, denotando a necessidade de comunicação entre estes os serviços, para além da promoção e prevenção de saúde destas mulheres.


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