Este trabalho é originado da análise comunitária feita durante o estágio integrado em psicologia II, que foi realizado junto ao Laboratório de Práticas Sociais (LAPS), da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). A análise comunitária foi construída a partir de um estudo de caso acompanhado ao longo do ano junto a uma escola estadual de ensino fundamental atendida pelo LAPS. A temática do presente trabalho se deu a partir da inserção no espaço escolar, a qual foi geradora de estranhamento e desconfortos. A figura do estagiário também se tornava um corpo estranho, quebrando por si a normatização encontrada no espaço escolar. Dos olhares recebidos, dos comentários informais e das escutas realizadas junto aos alunos, se justificava ali a importância de desenvolver um trabalho em conjunto com a comunidade escolar.  Trabalho este que utilizava o olhar da psicologia para pensar as sexualidades e gênero, para além de uma heteronormatividade. Tendo como principal objetivo refletir sobre como o diferente, relacionado à sexualidade e identidade de gênero, é percebido dentro do espaço escolar, sendo esta discussão vigente como um marco importante dentro do processo educacional. Além disso, possibilitou explorar a interação entre aluno e escola, bem como questionar padrões vigentes de normatização e desconstrução.  Tendo a análise comunitária como metodologia que oportuniza a vivência, o diálogo e a reflexão, foram feitas escutas semanais realizadas com um aluno que apresentava conflitivas em relação a sua sexualidade e gênero, tendo sofrido abusos psicológicos em sua família e também em sofrimento por conta do bullying sofrido dentro da escola.  Posteriormente, foram realizadas ações com o corpo docente e demais turmas, oportunizando espaços de desconstrução, compartilhamento e criação de saberes. Estas atividades foram analisadas tendo como base a psicologia junguiana, a partir da amplificação do símbolo do unicórnio, trazido pelo aluno atendido a partir de uma imaginação ativa, pensando ainda seu processo de individuação e encontro do Si-mesmo. O processo alquímico, aprofundado em seu simbolismo a partir da psicologia junguiana contribuiu como forma de evidenciar e auxiliar na reflexão do presente caso. Como principal resultado, a mudança na forma de agir e pensar o diferente (sexualidade e gênero) dentro da escola foram evidentes por conta dos professores e demais alunos. Logo, pode-se destacar a importância da integração do profissional psicólogo junto às escolas, de modo a oferecer ferramentas, como a análise comunitária, capaz de transformar o sujeito, a comunidade e a sociedade