A proposta deste trabalho é apresentar um relato de experiência com um grupo terapêutico, realizado em um CAPS I de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, denominado Grupo Nova Vida, destinado a acolher e tratar dependentes ou ex-dependentes de álcool. A realização do grupo terapêutico se constitui como uma atividade voltada à validação de uma ação em saúde, trabalho obrigatório para a conclusão do Estágio Integrado em Psicologia. O alcoolismo é um grave problema de saúde pública, que atinge o indivíduo em todo os âmbitos de sua vida, dados da OMS apontam que 10% da população urbana mundial faz uso abusivo de álcool. O estigma social associado aos usuários de álcool foi, historicamente, ligado à criminalidade, vagabundagem e a miséria, esta carga negativa associada aos usuários de álcool ainda se faz presente em nossa sociedade, mesmo dentro dos serviços de saúde. Desse modo, pessoas que sofrem pelo uso de álcool e outras drogas, muitas vezes, deixam de procurar tratamento para que não sejam expostas ao preconceito acarretado pela doença. No Brasil, os CAPS são os serviços de referência da rede de saúde mental e dependência química, suas estratégias de cuidado devem visar o fortalecimento dos vínculos afetivos e comunitários do usuário. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia, o profissional psicólogo deve visar às ações que promovam a autonomia do usuário e a reconstituição de seus vínculos sociais, para isso, atendimentos de grupos consistem em ótimos espaços para interação e re/construção de uma identidade social para as pessoas em sofrimento psíquico, fatores imprescindíveis para sua reabilitação psicossocial. A teoria grupal escolhida para a realização do trabalho é de Pichon Rivière e fundamenta-se na criação de Grupos Operativos, definida como uma técnica centrada na mobilização do grupo para a realização de uma tarefa definida. Quando o grupo tem objetivo terapêutico, sua função é trabalhar com o problema comum dos participantes, considerando que, tal problema afeta cada membro de maneira única. O grupo atua intercambiando os papéis de seus membros, os estereótipos, modificando seus vínculos dentro e fora do ambiente grupal. O grupo acontece semanalmente nas tardes das segundas-feiras, com a duração de uma hora, é de caráter aberto, ou seja, pode receber novos membros em qualquer encontro, não possui um período de duração especificado, seus membros podem participar pelo tempo que quiserem, as faltas são tratadas com naturalidade, o que acaba tornando o número de participantes muito variado. Minha participação no grupo começou no início de março, desde o primeiro encontro percebi como o grupo é participativo e engajado na condução do seu tratamento. Os problemas com álcool são trabalhados durante os encontros, entretanto, o grupo não se resume a eles, através das trocas de conhecimentos e relatos durante os encontros, permite-se que os indivíduos possam ressignificar suas experiências e alcançar novas maneiras de lidar com seus problemas. Questionando-os sobre a eficácia do grupo em seu tratamento, pude ouvir como a participação mudou a perspectiva de muitos membros, auxiliando diretamente no tratamento do alcoolismo e propiciando um espaço de acolhimento e criação de novos vínculos.