TRATAMENTO DE LACERAÇÃO EM MEMBRO POSTERIOR DE EQUINO: RELATO DE CASO

JOS AUGUSTO DA ROSA SEVERO PINTO, CAROLINA REJES MARQUES ROBAINA, CLAUDIO JUNIOR MACHADO POSSER, FELIPE TERRES DE CAMPOS, PATRICIA DE FREITAS SALLA

Resumo


Ferida é toda e qualquer solução de continuidade da pele, geralmente produzida por uma ação traumática externa; na medicina equina é uma lesão frequente e rotineira (Ferreira et.al., 2006). As feridas são classificadas de acordo com sua natureza, aspecto, grau da lesão, mecanismo de produção, grau de contaminação, além da aparência histológica do tecido lesado (Strodtbeck, 2001; Lloyd, 1992). Feridas que envolvem perda do epitélio sem exposição da derme são classificadas como erosões (Lloyd, 1992), as contusões são lesões na derme sem perda tecidual primária (Phillips, 1995), as que lesam todas as camadas de pele e as vezes lesando músculos, nervos e tendões se classificam como lacerações, esta podendo atingir uma grave injúria apresentando aparência externa inócua, sendo nominada como perfuração (Phillips, 1995). O processo de reparação das feridas inicia-se no momento em que a barreira celular é quebrada e segue um padrão pré-estebelecido independente da natureza do agente agressor. Sendo assim, as fases de cicatrização se dividem em hemostasia, inflamação, reparação e proliferação, síntese da matriz e remodelamento. A hemostasia inicia no momento da injúria, permanecendo por algumas horas, sendo a primeira resposta uma vasoconstrição mediada por componentes vaso ativos como as catecolaminas; por segundo passo, a vasodilatação, a qual aumentará a permeabilidade vascular, ocasionando a diapedese da células, fluido e proteína para o espaço extra celular. A agregação plaquetária e a coagulação sanguinea forma um coágulo de células e fibrina para a hemostasia (Strodtbeck, 2001; Mandelbaum, et.al., 2003; Midwood et.al., 2004); a fase inflamatória caracteriza-se pela resposta vascular e celular à injúria, cuja intensidade depende da gravidade da mesma (Theoret, 2004). Quanto mais eficiente for a resposta inflamatória, mais rápido será a eliminação de detritos celulares e da contaminação bacteriana, resultando no desenvolvimento precoce de um tecido de granulação saudável e proteção da ferida contra infecção (Van der Boom et.al., 2002). A fase de proliferação e reparação é um processo que começa quando a fase inflamatória termina. Se caracteriza por neovascularização, reepitelização, fibroplasia, formação de tecido de granulação e contração da ferida (Stashak, 1991; Theoret, 2004). Por fim, a fase de remodelamento e síntese da matriz caracteriza-se quando envolve a continua formação da matriz, sua reorganização e evolução do tecido de granulação para um tecido cicatricial (Stadelmann et.al., 1998). O presente trabalho relata o caso de um equino macho castrado, sem raça definida, com aproximadamente dois anos de idade. Acompanhamos este equino quatro dias após o trauma, a lesão característica de ferida traumática lacerativa, com perda de continuidade da pele, de massa musculares chegando à lesão do periósteo. Na ferida havia necrose tecidual exudativa ao longo da lesão, aumento de volume, hipertermia local. Após debridamento da ferida, optamos por tratamento diário a base de açúcar "cristal" tópico, com o auxilio de bandagens e uso de repelente ao redor da lesão, permitindo o fechamento da ferida por segunda intenção. O tratamento teve duração de três meses até a completa cicatrização. A bandagem e o tratamento tópico foram instituídos até a cobertura total do tecido, caracterizando a fase final de remodelamento.


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