GERMINAÇÃO DE SCHINUS TEREBINTHIFOLIUS (ANACARDIACEAE) SOB INFLUÊNCIA DO EXTRATO DE PSEUDOFRUTOS DE HOVENIA DULCIS (RHAMNACEAE)

GABRIEL NICOLINI, NORTON DAMETTO, ELISETE MARIA DE FREITAS

Resumo


Alelopatia é definida como o efeito direto ou indireto, benéfico ou maléfico, de uma planta sobre outra por intermédio da produção de compostos químicos que são liberados no ambiente. Hovenia dulcis, originária da China e do Japão, atualmente está muito difundida em todo o Sul do Brasil, principalmente em propriedades agrícolas. Este fato, somado à capacidade desta espécie em formar populações densas e dominantes, invadindo com muita facilidade florestas nativas, torna necessária a investigação do seu potencial alelopático, sendo esta uma possível estratégia que contribui no estabelecimento dessas populações. Schinus terebinthifolius é uma espécie pioneira muito importante na recuperação de áreas degradadas, principalmente por sua agressividade e pioneirismo. Também tem uso comprovado na produção de fitoterápicos e condimentos. O estudo teve como objetivo averiguar se o extrato de pseudofrutos de H. dulcis apresenta efeito alelopático inibidor sobre a germinação de S. terebinthifolius, com o intuito de verificar se a espécie pode estar contribuindo para a redução da biodiversidade das florestas regionais. O experimento foi conduzido no Laboratório de Propagação de Plantas do Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, Rio Grande do Sul, Brasil. Sementes de S. terebinthifolius foram coletadas de uma árvore adulta perto do campus da Univates. O extrato in natura puro foi obtido através da prensagem de pseudofrutos de H. dulcis, sendo então diluído em água destilada e autoclavada nas concentrações de 0,0 (T1 - controle); 1,0 (T2); 2,5 (T3); 5,0 (T4); 10 (T5); 20 (T6) e 25% (T7), constituindo sete tratamentos, cada um com cinco repetições de 20 sementes. Estas foram inoculadas em placas de petri contendo duas folhas de papel germitex e mantidas em câmara de germinação com temperatura constante de 25ºC e com fotoperíodo de 16 horas/luz. Sempre que o papel apresentava sinais de estar secando, as placas eram irrigadas com 5,0 mL do extrato na respectiva concentração. O acompanhamento da germinação foi realizado a cada dois dias, a partir da germinação da primeira semente, se estendendo por até 21 dias. Foi considerada como germinada a emissão de primórdios radiculares. Foi definido o percentual e o índice de velocidade de germinação (IVG) de cada repetição e do tratamento. As primeiras germinações iniciaram aos cinco dias após o plantio no tratamento controle (irrigação com água), no qual se obteve 49% de sementes germinadas, o melhor resultado dentre os demais tratamentos. No tratamento T2, o percentual de germinação foi de 16%, reduzindo para apenas 5% em T3. Nos demais tratamentos com concentrações mais alta do extrato, não houve germinação. Paralela à redução no percentual de germinação, houve redução progressiva na velocidade de germinação na medida em que aumentou a concentração do extrato: T1 apresentou o maior IVG (0,89), reduzindo para 0,27 em T2, e 0,08 em T3. Os resultados mostraram que o extrato dos pseudofrutos, além de reduzir a porcentagem de germinação, provocou diminuição da velocidade de germinação das sementes de S. teretinthifolius. Da mesma forma, outro estudo com extrato de pseudofrutos da mesma espécie exótica, nas concentrações de 2 e 4%, provocaram efeitos inibitórios significativos sobre o percentual e IVG na germinação de sementes de Lactuca sativa, corroborando com os resultados obtidos no presente estudo. No entanto, são necessários mais estudos para verificar o quanto esta espécie vem afetando a biodiversidade brasileira.


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