AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS EM CEPAS DE STAPHYLOCOCCUS SPP. DE ORIGEM HOSPITALAR ATRAVÉS DE MÉTODOS FENOTÍPICOS

PATRICIA RAQUEL WAPPLER, GUILHERME HENRIQUE DE OLIVEIRA ARNHOLD, PEDRO ALVES D'AZEVEDO, JANINE DE MELO RAUBER, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM

Resumo


A resistência microbiana é um grave problema de saúde pública. O uso irracional de antimicrobianos é um dos fatores relevantes que viabiliza esse mecanismo. Bactérias do gênero Staphylococcus spp. são importantes patógenos oportunistas. Causam na maioria das vezes infecções cutâneas, podendo também causar patologias extremamente graves como bacteremia, pneumonia necrotizante e síndrome do choque tóxico. Estão amplamente distribuídas na comunidade e em ambientes hospitalares, atingindo principalmente pacientes debilitados. Em alguns micro-organismos é possível verificar a presença de uma proteína ligadora de penicilina codificada pelo gene mecA, resultando na resistência à meticilina (MRS). O resultado desta modificação genética também pode ser verificada por meio da técnica de disco difusão com discos de cefoxitina. Atualmente, a prescrição de vancomicina tem sido cada vez mais frequente, devido à presença de cepas MRS. O objetivo do presente trabalho é isolar, identificar e verificar o perfil de reistência de cepas de Staphylococcus spp. em um hospital de ensino do sul do Brasil. As cepas foram coletadas de pacientes pelo laboratório da Universidade de Santa Cruz do Sul, de diferentes sítios, independentes de sexo, patologia e faixa etária. Foram realizados testes para a identificação dos micro-organismos, sendo divididos entre S. aureus e estafilococos coagulase negativa pelas provas da coagulase, DNase e ágar manitol. O perfil de resistência foi avaliado através do método de disco difusão em ágar Muller-Hinton. A concentração inibitória mínima (MIC) para a vancomicina foi analisada pelos testes de microdiluição em caldo e teste comercial (tiras de Etest). Foram avaliadas 80 amostras, sendo que 45% foram identificadas como S. aureus e 55% como estafilococos coagulase negativa. A sensibilidade para ambas foi de 59,3% para oxacilina, verificando-se 40,7% de cepas resistentes (MRS). Para os demais antibióticos, também utilizados como terapia, foram realizados antibiogramas para avaliar a multirresistência. Apresentaram resistência de 48,1% para clindamicina, 59,3% para eritromicina, 30,9% para gentamicina, 44,4% para ciprofloxacino, 7,4% para rifampicina e 32,1% para sulfametoxazol+trimetoprima. Houve diferença significativa de resistência entre as espécies estafilococos coagulase negativa e S. aureus para os antimicrobianos oxacilina (68,9% vs. 5,6%), ciprofloxacino (64,4% vs. 19,4%), sulfametoxazol+trimetoprima (51,1% vs. 8,3%) e gentamicina (53,3% vs. 2.8%). O MIC médio para essas cepas foi de 1,28 µg/mL, conforme metodologia definida pelo CLSI, e 1,85 µg/mL para o Etest. Espécies de coagulase negativa apresentaram MIC maior com relação ao S. aureus pelo método do CLSI (1,55 vs. 0,958, p<0.01) e também pelo Etest (1,99 vs. 1,69). Também foi observado que cepas resistentes à meticilina apresentaram MIC maior para vancomicina (CLSI 1,71 vs. 0,98, p<0.01, e Etest 2,03 vs. 1,76). A falha terapêutica tem sido amplamente relacionada com a resistência dos micro-organismos. Para evitar o aparecimento de novos mecanismos de resistência é preciso realizar correta utilização desses antimicrobianos. O estudo do perfil de resistência em uma instituição é imprescindível para a criação de protocolos sobre a terapia empírica mais adequada, sempre visando ao uso racional a fim de reduzir os índices de resistência e custos de internação.


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