VENTILAÇÃO PULMONAR E SUA RELAÇÃO COM MEDIDAS DO QUOCIENTE RESPIRATÓRIO E PERCENTUAL DE GORDURA: ESTUDO PRELIMINAR

MARCOS VINICIOS JACOBS, VALERIANO ANTONIO CORBELLINI, ÉBONI MARÍLIA R UTER, MIRIAM BEATRIS RECKZIEGEL, HILDEGARD HEDWIG POHL

Resumo


A obesidade, doença que vem apresentando proporções epidêmicas, está associada a distúrbios cardiometabólicos devido ao elevado índice de gordura corporal, sobretudo nas regiões peritorácica e abdominal. As complicações pulmonares decorrentes do excesso de peso são devido às alterações na mecânica respiratória, com consequente comprometimento das trocas gasosas, influenciando a capacidade de tolerância ao exercício físico. Diante destas questões, este estudo teve como objetivo avaliar a ventilação pulmonar e sua relação com marcadores do quociente respiratório e o percentual de gordura em trabalhadores da agroindústria e produtores rurais. Com delineamento transversal, observacional, descritivo e analítico, foram avaliados dezoito trabalhadores do município de Santa Cruz do Sul/RS, que possuem em média 51,67 (±9,85) anos, sendo nove sujeitos de cada sexo, pertencentes ao estudo piloto da pesquisa "Triagem de fatores de risco relacionados ao excesso de peso em trabalhadores da agroindústria usando novas tecnologias analíticas e de informação em saúde". Dos dados antropométricos adquiridos foi selecionado o percentual de gordura (%G), avaliado por sete dobras cutâneas e classificado de acordo com Pollock e Wilmore (1993), e do teste ergoespirométrico realizado em esteira ergométrica acoplada ao VO2000, aplicando-se o protocolo de Bruce, foram obtidos os resultados diretos das variáveis do consumo de oxigênio (VO2), dióxido de carbono produzido (VCO2) e ventilação pulmonar (VE). Os dados foram analisados no software SPSS, versão 20.0, com dados categóricos em frequência e percentual para descrição da amostra, e a fase analítica partindo da verificação da normalidade através do teste de Shapiro-Wilk, sendo as correlações obtidas pelo teste de Pearson, considerando nível de significância p < 0,05. 77,8% dos sujeitos foram classificados com resultados positivos quanto ao %G (11,1% bom; 50,0% acima da média e 16,7% média), enquanto que 22,2% apresentaram valores considerados abaixo da média. Os resultados indicam associação regular entre VE com as variáveis de VO2 e %G (r = 0,564 e p = 0,015; r = -0,540 e p = 0,021, respectivamente). Já entre a VE e o VCO2 foi evidenciada associação forte (r = 0,775 e p < 0,001). A associação inversa entre VE e %G sugere a redução da capacidade ventilatória quando há aumento da massa gorda, o que pode ser em consequência da restrição mecânica da caixa torácica adjunto à baixa capacidade de trabalho dos músculos ou tolerância aos exercícios físicos.


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