AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DAS NASCENTES DO ARROIO ANDREAS, RS, BRASIL, ATRAVÉS DO ENSAIO COMETA UTILIZANDO DAPHNIA MAGNA (STRAUS, 1820) COMO ORGANISMO BIOINDICADOR

LEONI GLACI STEIL, DANIELE R.DALLEMOLE, GEANI MOHR, MARILIA SCHUCH, ALEXANDRE RIEGER, EDUARDO ALEXIS LOBO ALCAYAGA

Resumo


De forma geral, a avaliação da qualidade da água deve obedecer aos critérios estabelecidos na legislação, mas também deve ser contemplada com a utilização de novas metodologias, como a utilização dos ensaios de ecotoxicidade e genotoxicidade. Daphnia magna é um microcrustáceo planctônico que é muito utilizado como organismo teste para avaliar xenobiontes nos cursos de água, destacando o Ensaio Cometa (EC) que permite avaliar danos no DNA passíveis de reparo e que não alteram a vitalidade e viabilidade do organismo teste e podem ser uma importante ferramenta complementar para avaliar a qualidade da água. Neste contexto, a presente pesquisa objetivou avaliar a qualidade da água de nascentes do arroio Andreas, RS, através do Ensaio Cometa, utilizando D. magna como organismo-teste. Ao todo foram avaliados 20 pontos de nascentes do arroio Andreas, localizados em pequenas propriedades rurais, onde foram coletadas amostras de água. Parâmetros físico-químicos e microbiológicos foram analisados visando avaliar a qualidade da água segundo a resolução nº 357/2005 do CONAMA. Uma parte da amostra foi congelada até a sua utilização nos bioensaios com D. magna. Para a realização do EC, neonatos foram cultivados conforme a norma técnica brasileira 12713, submetidos ao teste de exposição aguda com 10 indivíduos por amostra. Após a exposição, lâminas contendo a pré-cobertura foram expostas à solução de lise por 1 hora e depois submetida à eletroforese (0,7 V/cm; 300 mA) por 20 min em tampão alcalino (pH > 12). Todos os testes foram realizados em quintuplicata. As lâminas foram coradas com nitrato de prata, sendo contados 100 nucleóides por lâmina, um total de 500. A freqüência de dano (FD) e o Índice de dano (ID) foram calculados e comparados a um controle negativo de água reconstituída. A análise estatística foi realizada pelo método de Kruskall-Wallis seguido do teste de Dunn, com α± = 0.01. Em relação à qualidade físico-química e microbiológica da água, 10 pontos de coleta foram enquadrados na Classe 1 do CONAMA (50%), correspondente a uma classe de boa qualidade utilizada, dentre outros usos nobres, para consumo humano após tratamento simplificado, 6 na Classe 2 (30%), 3 na Classe 3 (15%) e 1 na Classe 4 (5%), que corresponde à classe de pior qualidade, utilizada apenas para navegação e harmonia paisagística. Dos 20 pontos amostrados, 4 (P5, P8, P12, P15) apresentaram uma FD significativa e 4 (P2, P5, P8, P12) apresentaram um ID significativo, totalizando 5 pontos (25%) que demonstraram genotoxicidade. Cabe destacar que a genotoxicidade observada não estava associada com as águas de pior qualidade (classes 3 e 4), uma vez que o enquadramento destas amostras nestas classes estava relacionado principalmente com o aumento de coliformes termotolerantes, o que por si só não é um fator genotóxico. Nas águas de classe 2 verificou-se genotoxicidade significativa em 4 amostras (67%), enquanto que nas amostras de classe 1, somente uma (10%), sugerindo que outros parâmetros possam estar associados com o aumento da genotoxicidade. A utilização do EC com D. magna pode ser uma importante ferramenta para complementar as análises físico-químicas e microbiológicas na avaliação da qualidade da água, uma vez que detecta alterações mesmo em águas consideradas como de boa qualidade.


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